Esposa doa rim para marido que aguardava transplante há 2 anos: ‘queria tirá-lo desse sofrimento’


Esposa doa rim para marido que ficou quase 2 anos na fila do transplante
Arquivo Pessoal
Após quase 2 anos de espera, o microempreendedor Everaldo Antônio Pereira ganhou uma nova vida. Diabético e dependente da hemodiálise três vezes por semana em Juiz de Fora, ele recebeu o maior gesto de amor possível: a doação do rim que tanto precisava, feita pela esposa, Maria do Carmo.
A história do casal, junto há 21 anos, ganhou destaque no Dia Nacional da Doação de Órgãos, comemorado neste sábado (27). A data visa conscientizar sobre a importância da doação e incentivar o diálogo entre familiares.
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Everaldo, de 43 anos, e Maria, 57, moradores de Santos Dumont, estão na fase final da recuperação do transplante, feito há menos de um mês. O casal já faz planos para recomeçar a vida após a cirurgia.
Diagnóstico e início da hemodiálise
Everaldo conta que descobriu o problema após passar mal. Diabético, ele demorou a procurar ajuda médica.
“Eu não cuidava muito da minha saúde, demorei para chegar a um diagnóstico. Precisei ir para Barbacena consultar com um angiologista, e ele disse que eu precisava ser internado e passar por um nefrologista, porque tinha anemia grave e neuropatia diabética”, relembra.
🔎A neuropatia diabética é um dano nos nervos causado por níveis elevados de açúcar no sangue (hiperglicemia) no diabetes, afetando principalmente os nervos das pernas e pés, mas também os do sistema digestivo, trato urinário e coração.
O tratamento necessário seria a hemodiálise, mas, antes disso, Everaldo precisou tratar a anemia. Ele passou por cirurgias, como a retirada da vesícula e uma abdominoplastia. Na época, pesava 160 kg e chegou a perder 55 kg, mas ainda precisava reduzir mais para o tratamento.
Esposa doa rim para marido que ficou quase 2 anos na fila do transplante em Juiz de Fora
Arquivo Pessoal
Rotina exaustiva e apoio da esposa
A espera por um transplante não foi fácil. O casal precisava viajar de Santos Dumont para Juiz de Fora três vezes por semana para as sessões de hemodiálise.
“Os primeiros dias foram muito difíceis. Eu nunca tinha passado por algo assim, ficava inseguro e chorava muito. Minha esposa sempre me apoiou, me acompanhava em tudo. Os enfermeiros eram muito atenciosos, só tenho a agradecer”, lembra.
Esposa doa rim para marido que ficou quase 2 anos na fila do transplante em Juiz de Fora
Arquivo Pessoal
Decisão pela doação
A irmã de Everaldo não era compatível. Foi então que Maria do Carmo decidiu fazer os exames para saber se poderia doar ao marido.
“Eu via o sofrimento diário dele, as viagens três vezes por semana até Juiz de Fora e as 4 horas que passava na cadeira de hemodiálise. Não era fácil. Eu queria tirar ele daquela luta”, conta Maria.
Esposa doa rim para marido que ficou quase 2 anos na fila do transplante em Juiz de Fora
Arquivo Pessoal
Quando descobriu que era compatível, Maria não teve medo da cirurgia. O sentimento foi de felicidade e alívio.
“Fiquei muito satisfeita em poder ajudar e ver a saúde dele melhorar. Não tive medo em momento algum. Meu processo foi menos invasivo, a médica explicou, fiz os exames e logo marcaram a cirurgia”, afirma.
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Planos para o futuro
A cirurgia aconteceu no dia 4 de setembro na Santa Casa de Misericórdia, em Juiz de Fora. Maria recebeu alta dois dias depois, e Everaldo no dia 10.
Esposa doa rim para marido que ficou quase 2 anos na fila do transplante em Juiz de Fora
Arquivo Pessoal
O casal destacou o cuidado da equipe médica da unidade de saúde, que recentemente chegou à marca de 2 mil transplantes renais realizados. “Os enfermeiros foram fantásticos, o atendimento foi ótimo”.
“Fui superando aos poucos, foi uma fase muito pesada, mas eu tinha esperança. Saber que minha esposa era compatível e seria minha doadora foi muito emocionante. Ela e meu filho [Igor, de 14 anos] sempre foram tudo para mim”, diz Everaldo.
Agora, ele conta que se sente bem e que poderá retomar atividades que gosta.
“Quero acompanhar futebol e trabalhar. Nunca gostei de ficar parado. Sempre cuidei da minha família e nunca deixei faltar nada. Agora é seguir em frente, continuar o tratamento. Sou muito grato aos médicos, enfermeiros, minha esposa e meu filho, meu porto seguro”.
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