Paciente submetido a um transplante de riim
Reprodução/TV Globo
Dados da Central de Transplantes da Secretaria da Saúde de São Paulo mostram que, entre janeiro e agosto deste ano, foram realizados 5.909 transplantes de órgãos e tecidos no estado. Na comparação com o mesmo período de 2024, quando foram feitos 5.566 procedimentos, houve um crescimento de 6,16%.
Em todo o ano passado, foram 8.311 transplantes de órgãos e tecidos e, em 2023, o total chegou a 8.597.
Considerando apenas os transplantes de órgãos, São Paulo registrou 2.088 procedimentos até agosto de 2025, segundo dados atualizados pelo Ministério da Saúde nesta sexta-feira (26). Desses, 1.264 foram feitos em homens e 824 em mulheres. Em 2024, foram 2.773 procedimentos no período.
O Ministério da Saúde também aponta que São Paulo lidera o ranking nacional de transplantes de órgãos, seguido por Minas Gerais (708) e Rio de Janeiro (670).
Entre os órgãos, o rim concentra o maior número de transplantes no estado de SP, com 1.414 procedimentos, seguido por fígado (474) e coração (112).
Para Francisco de Assis Monteiro, coordenador da Central de Transplantes, os números refletem tanto a estrutura da rede de saúde quanto a solidariedade das famílias que autorizam a doação.
“O estado ter ultrapassado a marca de 5 mil transplantes representa não só a capacidade técnica da nossa rede, mas também a solidariedade das famílias que autorizam a doação. Estamos trabalhando com campanhas de esclarecimento e de capacitação de profissionais, que são fundamentais para que mais vidas sejam salvas”, afirmou.
Fila de espera
Atualmente, 26.819 pessoas aguardam na fila por órgãos e tecidos em São Paulo, segundo a Secretaria Estadual da Saúde. Só para transplante de órgãos, a fila é de 22.613, conforme o Ministério da Saúde. Desses, 21.155 aguardam por um rim.
Para agilizar processos e dar mais transparência, a secretaria informa que criou uma ferramenta no aplicativo Poupatempo que permite ao paciente acompanhar o cadastro e sua posição na lista.
Há também o programa TransplantAR – Aviação Solidária, que usa aeronaves privadas no transporte gratuito de órgãos, reduzindo o tempo entre a captação e o transplante.
Quais são os critérios de prioridade?
A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) aponta que a lista de espera dos pacientes gerida pelo SUS prioriza, entre outros fatores: a gravidade da doença e crianças, que são prioridade tanto em caso de o doador ser uma criança como quando concorrem diretamente com adultos.
A localidade do paciente e a compatibilidade genética também é outro fator importante na decisão de quem receberá o órgão, além do tipo sanguíneo do doador e do receptor dos órgãos.
A lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do SUS quanto para os da rede privada, explica o Ministério da Saúde.
Segundo a pasta, “a lista de espera por um órgão funciona baseada em critérios técnicos, em que a tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados”.
“Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica”, disse o Ministério da Saúde em nota.
A pasta diz que são eventos determinantes de prioridade na fila de doação as seguintes situações dos pacientes:
Impossibilidade total de acesso para diálise (filtração do sangue), no caso de doentes renais;
Insuficiência hepática aguda grave, para doentes do fígado;
Necessidade de assistência circulatória, para pacientes cardiopatas; e rejeição de órgãos recentes transplantados.
Passo a passo da fila de transplantes
Veja abaixo como funciona o processo de recebimento de órgãos na fila do SUS, segundo informações do Ministério da Saúde e da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos:
A lista funciona por ordem cronológica de cadastro, ou seja, por ordem de chegada;
Também é levado em consideração a gravidade do quadro – quem necessita de internação constante (com uso de medicamentos intravenosos e de máquinas de suporte para a circulação do sangue) tem prioridade em relação à pessoa que aguarda o órgão em casa;
Tipo sanguíneo – um paciente só pode receber um órgão de um doador que tenha o mesmo tipo sanguíneo que ele;
Porte físico – alguém alto e mais pesado não pode receber o coração de um doador muito mais baixo e magro que ele;
Distância geográfica – o órgão precisa ser retirado do doador e transplantado no receptor em um intervalo de até 4 horas, isso é chamado de tempo de isquemia, o tempo de duração deste órgão fora do corpo, ou seja: não é possível fazer a ponte entre duas pessoas que estejam muito distantes uma da outra.
O tempo de isquemia, inclusive, determina se um carro ou avião será usado para o transplante, com custos arcados pelo SUS.
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