Ex-diretora de presídio e detento foragido negociavam ‘votos cativos’ por R$ 100 para beneficiar vereador e ex-deputado federal

As investigações do Ministério Público da Bahia (MP-BA) apontaram que a ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, Joneuma Silva Neres, e o detento foragido Ednaldo Pereira de Souza, o “Dadá”, negociavam “votos cativos” por R$ 100.
De acordo com o processo ao qual a TV Bahia obteve acesso com exclusividade, Joneuma Silva passou a trabalhar “politicamente” para uma organização criminosa baiana, intermediando encontros entre Ednaldo, na qual era amante, e o então candidato a prefeito de Teixeira de Freitas, o ex-deputado federal Uldurico Jr. (MDB).
Nestes encontros, também compareceu o então candidato a vereador do município de Eunápolis Alberto Cley Santos Lima, conhecido como Cley da Autoescola (PSD), apoiado politicamente pelo ex-deputado federal.
O documento aponta que na condição de padrinho “politico” de Joneuma, Uldurico Jr. passou a ter encontros repetidos com Dadá e outros membros da sua organização criminosa, dentro do Conjunto Penal de Eunápolis, com a participação da ex-diretora do local.
Conforme o documento, estes encontros eram cercados de cuidados “especiais”, por parte de Joneuma, para que não ficassem registrados nas câmeras de segurança ou arquivos do Conjunto Penal.
Depoimentos colhidos apontaram ainda que a intermediação de Joneuma com chegou a lhe render valores próximos de R$ 1,5 milhão.
Fornecimento de eleitores cativos
As investigações apontam que a intenção da ex-diretora do Conjunto Penal, ao intermediar os encontros entre membros do grupo criminoso e o ex-deputado federal era:
acobertar “politicamente” as atividades criminosas;
favorecer as ações criminosas do grupo, as quais se desenvolviam, escancaradamente, dentro do Conjunto Penal de Eunápolis.
A moeda de troca entre a primeira denunciada e o então candidato a prefeito de Teixeira de Freitas era o fornecimento de “eleitores cativos”. Em troca, Uldurico Jr. a apoiaria politicamente para manter-se na administração do Conjunto Penal, representando os interesses da organização criminosa.
Entre os eleitores cativos se incluía tanto os presos provisórios faccionados do grupo, que podiam votar, como os amigos e familiares deles.
Segundo o depoimento de um dos internos da unidade, o voto compromissado era comercializado e cada eleitor aliciado recebia o dinheiro.
Direcionamento de contratações e demissões
Ainda de acordo com o documento, para exercer o controle absoluto do Conjunto Penal de Eunápolis, e promover as atividades ilícitas para o amante e o grupo criminoso a qual ela passou a integrar, Joneuma começou a direcionar as contratações e demissões dos servidores do presídio.
Assim, os servidores que “não fechavam os olhos” ou compactuavam com as ordens eram intimidados ou demitidos. As demissões eram direcionadas por Joneuma, Dadá, dois dentistas, uma psicóloga e dois advogados.
Os demitidos eram substituídos por pessoas ligadas a ex-diretora do presídio, que chegou a contratar a irmã Jocelma Neres como advogada em defesa dos interesses do grupo criminoso, no Conjunto Penal de Eunápolis.

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