Famílias de MG relatam ‘terror’ após parentes caírem em golpe de emprego na Ásia


Brasileira é presa no Camboja vítima de tráfico humano
Famílias de Minas Gerais vivem um pesadelo após terem seus parentes atraídos para a Ásia com falsas promessas de emprego e vida nova. O esquema, que as vítimas suspeitam ser de tráfico humano e golpes online, resultou na morte do jovem Gabriel Oliveira, de 24 anos, no Camboja, e na prisão de Daniela Marys Costa Oliveira, de 36 anos, no mesmo país.
Daniela saiu de Belo Horizonte em março em busca de uma vaga de telemarketing, mas descobriu que o trabalho, a quase 17 mil quilômetros de casa, envolvia aplicar golpes online. Ao tentar sair da empresa, ela foi presa sob acusações de posse de pílulas não lícitas e teve sua família extorquida em R$ 27 mil.
Já Gabriel foi para a Ásia com a promessa de ganhar US$ 5 mil por mês (cerca de R$ 26 mil) e morreu em julho em circunstâncias misteriosas, com a família sendo informada apenas de uma explosão na cozinha do local de trabalho.
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Prisão em Camboja
Aos 36 anos, Daniela Marys viajou para o Camboja após receber uma proposta de emprego com promessa de alto salário. Segundo a irmã, a professora Lorena Mara Costa Oliveira, o passaporte da vítima foi retido logo na chegada e o alojamento ficava em um lugar ermo.
“E a gente não entendeu muito bem, ela nos comunicou que o passaporte dela foi retido então a gente já começou a achar isso muito estranho […] não parecia uma coisa muito lícita de estar fazendo, e ela decidiu vir embora. O terror começou aí”, afirmou Lorena.
A mineira só começou a trabalhar em março, mas percebeu que o trabalho era ilegal. Ela comunicou à empresa que queria ir embora, mas segundo ela, não houve chance de negociação com os superiores.
“Eles não aceitaram que ela viesse embora. Aí, quando foi no dia 26 de março, na hora que ela voltou para o quarto dela, a polícia já estava lá. Apreenderam três pílulas que não eram dela, estavam nas coisas dela, e ela foi presa”, contou a irmã.
Após a prisão, criminosos se passaram por Daniela pelo WhatsApp e extorquiram a família em R$ 27 mil. A mineira, que continua presa, teve o pedido de exame toxicológico negado, o que, segundo Lorena, poderia comprovar que ela não estava consumindo as drogas encontradas.
Daniela Marys Costa Oliveira
Reprodução/TV Globo
Busca por translado
Em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a família de Gabriel Oliveira luta há mais de três meses para trazer o corpo do jovem de volta ao Brasil. Gabriel foi atraído para a Ásia com a promessa de um salário alto. A família acredita que ele foi vítima de tráfico humano.
Ele faleceu no dia 7 de julho, mas a família só foi notificada oito dias depois. A única informação repassada foi que ele teria morrido em uma explosão na cozinha, mas a causa da morte segue sem esclarecimentos.
“Ele faleceu dia 7 de julho, e nós ficamos sabendo do falecimento só dia 15 de julho, e até então esses três meses, praticamente, nós estamos nessa busca incessante, tentando a repatriação para fazer uma passagem digna para o nosso filho. Nós estamos movidos pela fé e a esperança”, disse Lenier Quirino.
O pai de Gabriel, Daniel Araújo, lamenta a falta de apoio do Brasil, mesmo o país tendo boas relações internacionais.
“A gente fica se perguntando: como que um país tão bem relacionado não consegue dar uma posição para a família, dar um feedback para a família nesse sentido? A gente fica se sentindo impotente”, desabafou.
Família de Gabriel Araújo, morto em Camboja
Reprodução/TV Globo
O que diz o Governo Federal
O Ministério das Relações Exteriores (MRE), por meio da Embaixada do Brasil em Bangkok, informou que acompanha o caso de Gabriel e está em contato com as autoridades locais e a família.
Sobre Daniela, o MRE disse ter conhecimento do caso e que está realizando gestões junto ao governo cambojano, prestando a assistência consular à brasileira de acordo com o protocolo para vítimas de tráfico internacional de pessoas.
Em ambos os casos, o Ministério afirmou que não divulga informações pessoais de cidadãos que solicitam serviços consulares.
Gabriel Oliveira e Daniela Mayers, vítimas de suposto tráfico humano
Reprodução/TV Globo

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