Centro de Tradições Nordestinas completa 80 anos
Um dos mais tradicionais espaços culturais e gastronômicos do Rio está completando 80 anos: o Centro de Tradições Nordestinas.
Os símbolos do Nordeste marcam o ponto de encontro, mantido há 80 anos por retirantes da seca e por seus descendentes, como Marcos Ailton Bonfim, feirante paraibano.
“Minha história começa quando meu pai vindo da Paraíba em 70. E no pau de arara, aqueles três meses de viagem e desaguava nessa área aqui de São Cristóvão. Aqui ele ficou”, lembra Marcos.
Há 22 anos, nordestinos de todas as origens ganharam uma fortaleza na metrópole carioca: o Centro de Tradições Nordestinas (CTN). Ali, visitantes de todos os lugares são bem-vindos, com a bênção de Padre Cícero em uma estrada e a sanfona de Luiz Gonzaga na outra.
José Carlos de Carvalho, ex-feirante potiguar, conta: “Já era um furdunço danado, um compra e vende. Aí trocava por produto, roupa, sapato, rolo, falava feira do rolo”, explica.
Feira de Tradições Nordestinas completa 80 anos
Reprodução / TV Globo
No centro do pavilhão, a Praça dos Repentistas é a grande esquina desse mundo, cortada pela Avenida Nordeste, que leva aos palcos João do Vale e Jackson do Pandeiro, e se estende pelas ruas representando os estados do Ceará, Paraíba, Sergipe, Piauí, Alagoas e Pernambuco. Assim, o mapa do Nordeste foi redesenhado dentro do Rio.
O espaço é palco de encontros culturais e musicais. Maria Bethânia já se apresentou ali, recebida com ambientação temática e cuidado especial. A música resgata e celebra a cultura nordestina, como explica o sanfoneiro Jó Silva: “A boa música mexe com a alma e resgata nossa história. O nordestino vive disso.”
O forró também é tradição, ensinado por Marinho Brás há 30 anos. “Forró é dançado juntinho, com rala-coxa característico, e depois você vem para a Feira de São Cristóvão e é feliz”, diz ele.
Entre artesanato, burros alegóricos, shows, karaokês e muita música, a Feira de São Cristóvão continua sendo um espaço de memória, resistência e celebração da identidade nordestina no coração do Rio, reunindo gerações e mantendo viva a cultura do Nordeste.