Governança corporativa ganha protagonismo na agenda ESG brasileira
Reprodução/Freepik
A governança corporativa, representada pela letra “G” na sigla ESG, tem emergido como um dos pilares mais estratégicos para as empresas brasileiras que buscam sustentabilidade e competitividade no mercado global.
Segundo a pesquisa Panorama ESG 2024 da Amcham Brasil, é indicado que 71% das empresas brasileiras já adotam ou iniciaram ações relacionadas a ESG, representando um aumento de 24 pontos percentuais em relação ao ano anterior, tema que será amplamente debatido no 2º Encontro Agenda ESG 2025.
Além da transparência: governança como motor de mudança
Tradicionalmente associada à transparência e prestação de contas, a governança corporativa evoluiu para se tornar um mecanismo de criação de valor compartilhado. Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que 49% das indústrias no Brasil possuem uma área específica ou profissional dedicado à governança corporativa ou compliance. Entre essas empresas, 81% mantêm ações de responsabilidade ambiental, 76% adotam práticas de responsabilidade social, e 74% implementam medidas voltadas à segurança da informação e proteção de dados pessoais.
No contexto atual, empresas com estruturas de governança robustas demonstram maior capacidade de navegar por crises, atrair investimentos e gerar impacto positivo na sociedade. A governança deixou de ser apenas sobre compliance e se tornou sobre propósito, com empresas que conseguem alinhar seus processos decisórios com objetivos de sustentabilidade criando vantagens competitivas duradouras.
O papel da governança na Agenda 2030
Com a proximidade do prazo final dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em 2030, a governança corporativa assume papel fundamental na aceleração do cumprimento das metas globais. O relatório do Sebrae “ESG: Pequenas empresas, negócios sustentáveis” aponta que 68% dos líderes empresariais que implementaram ações de sustentabilidade perceberam benefícios diretos em seus negócios.
Estruturas de governança bem definidas permitem que empresas integrem os ODS em suas estratégias de negócio de forma mais efetiva. A implementação de comitês de sustentabilidade, a definição de métricas ESG nos conselhos de administração e a vinculação da remuneração executiva a indicadores de sustentabilidade são exemplos de como a governança pode ser um catalisador para o desenvolvimento sustentável.
Desafios da implementação
Apesar dos avanços, a implementação de práticas de governança ESG ainda enfrenta desafios significativos no Brasil.
A falta de padronização de métricas, a resistência cultural a mudanças e a necessidade de capacitação de lideranças são obstáculos que empresas precisam superar. Pequenas e médias empresas enfrentam desafios adicionais, como limitações de recursos e conhecimento técnico para implementar estruturas de governança mais sofisticadas.
Governança colaborativa
Uma tendência emergente é a governança colaborativa, onde empresas trabalham em conjunto para enfrentar desafios sistêmicos. Iniciativas como o movimento ColaboraMundo, que integra o Agenda ESG, exemplificam como a governança pode transcender os limites organizacionais para criar impacto coletivo.
Santos, cidade que lidera o ranking de sustentabilidade da Central de Lideranças Públicas (CLP) e ocupa a terceira posição em ODS, conta com seis coletivos atuando em sustentabilidade, demonstrando como a governança colaborativa pode gerar resultados concretos.
Perspectivas para 2030
Olhando para o futuro, a governança corporativa continuará evoluindo para se tornar mais inclusiva, transparente e orientada por propósito. Estudos indicam que até 2030, critérios ESG representarão mais de 50% das decisões de investimento globais, tornando a excelência em governança um fator crítico de competitividade.
O 2º Encontro Agenda ESG 2025, com foco em “Impacto Social e a Força da Governança”, representa uma oportunidade única para empresas, organizações e lideranças explorarem essas tendências e definirem estratégias para os próximos anos.
Rumo a uma governança transformadora
A governança corporativa no contexto ESG representa muito mais do que estruturas e processos – é sobre criar organizações capazes de gerar valor para todos os stakeholders enquanto contribuem para um futuro mais sustentável e equitativo.
À medida que o Brasil se prepara para sediar a COP30 e demonstrar liderança global em sustentabilidade, a qualidade da governança corporativa de suas empresas será um fator determinante para o sucesso dessa jornada. O momento é de transformação, e a governança é a chave para destravar o potencial transformador das organizações brasileiras.