O transplante de córnea consiste na troca da córnea doente por outra sadia e transparente
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O Hospital Municipal Souza Aguiar, que fica no Centro do Rio, captou 16 córneas no período de 2 meses, entre julho e agosto deste ano. O número faz parte de uma política de ampliação de captação de córneas para transplantes, o projeto Olhos do Rio.
O número captado até então pode ter beneficiado 64 pessoas. Cada córnea captada pode ajudar até quatro pessoas com deficiência visual a voltarem a enxergar.
A iniciativa envolve hospitais públicos e representa um avanço importante para reduzir a fila de espera pelo órgão, que hoje conta com cerca de 5 mil pessoas no estado do Rio de Janeiro.
“O protocolo de morte encefálica garante o direito ao diagnóstico. A doação é o último passo. Nosso foco é garantir que todos os óbitos e casos de morte encefálica sejam notificados. Isso é essencial para ampliar o número de doações”, explica a enfermeira Daniele Nascimento, que atua há 10 anos na área.
Além da atuação técnica, o projeto envolve ações de sensibilização, acolhimento e capacitação interna. É essencial que o tratamento seja humanizado e respeitoso com as famílias enlutadas.
Temas como morte encefálica e doação de órgãos e tecidos ainda são pouco discutidos nas universidades, o que reforça a importância da vivência prática dentro dos hospitais.
“Cada ponto de contato com a família importa. Não adianta um bom acolhimento no momento da entrevista se o restante da jornada for insensível. Precisamos aproximar os estudantes da realidade, mostrar a importância da doação e formar profissionais mais conscientes”, diz o enfermeiro Flávio do Espírito Santo.