Idoso não consegue andar após beber cerveja em padaria que teve garrafas apreendidas no litoral de SP


José Raimundo Pedrozo dos Santos, de 67 anos, passou mal após consumir bebidas alcoólicas em uma panificadora de São Vicente (SP), onde a Polícia Civil apreendeu garrafas com suspeita de adulteração
Polícia Civil/Divulgação e Arquivo Pessoal
José Raimundo Pedrozo dos Santos, de 67 anos, é o idoso que passou mal após consumir cerveja e “rabo de galo” em uma panificadora de São Vicente, no litoral de São Paulo, onde a Polícia Civil apreendeu garrafas de bebidas alcoólicas com suspeita de adulteração. Conforme apurado pelo g1 junto à corporação e à família do homem, ele não está conseguindo andar e não para de vomitar.
O idoso e a família acreditam que ele tenha sido intoxicado por metanol. No entanto, o caso não está sob investigação dos órgãos de saúde, uma vez que a Prefeitura de São Vicente afirmou que a suspeita foi descartada pela “ausência de critérios clínicos que justificassem exames específicos”.
Diante da situação, José registrou um boletim de ocorrência e o caso está sendo investigado pela equipe do 2º Distrito Policial (DP) da cidade. Os agentes aguardam o resultado do exame químico toxicológico realizado nas bebidas apreendidas na panificadora para comprovação de uma contaminação devido à possível adulteração ou presença de substâncias tóxicas.
🔍 O metanol é um álcool usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, sendo altamente perigoso quando ingerido. Inicialmente, ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até morte. Também pode provocar insuficiência pulmonar e renal.
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Como está o idoso?
Conforme relatado no BO, José tomou uma cerveja por volta das 11h de domingo (28), no bairro Cidade Náutica. Minutos depois, ele chegou em casa e começou a passar mal, ficando desorientado e vomitando sem parar.
Isabel Brito dos Santos, de 71 anos, é esposa do idoso e explicou ao g1 que ele tem pressão alta e é diabético. Ela contou a situação para os filhos, que decidiram levá-lo ao Pronto-Socorro Central do município.
“Ele vomitou muito preto que nem um carvão, tudo talhado. Parecia que ele estava vomitando até sangue, era uma coisa terrível […] Como a gente viu que todo mundo está se intoxicando, a gente falou: ‘Pode ter sido a bebida que fez tudo isso com ele'”, disse a mulher.
Isabel afirmou que, além da sequência de vômitos, o marido não está conseguindo andar. “Ele movimenta as pernas [deitado], mas não tem força para andar de jeito nenhum, tem que ser carregado […]. Ele terminou em uma cadeira de rodas”, lamentou a esposa.
Garrafas de bebidas foram apreendidas em panificadora de São Vicente
Polícia Civil/Divulgação
Atendimento no hospital
José procurou a polícia na quarta-feira (1º) após receber alta médica, sem conseguir andar ou parar de vomitar. “A médica disse que era intoxicação por bebida, mas não fez nenhum exame para saber que tipo de intoxicação, foi quando estabilizou a pressão e liberaram, mas já não conseguia andar mais. Desde domingo, não ando mais. Tenho certeza que deve ser esse metanol”, escreveu o idoso no BO.
Isabel acrescentou que a filha relatou mais de uma vez para a equipe da unidade de saúde que o homem começou a passar mal após ingerir bebida alcoólica. “Como recolheram as bebidas da padaria, vamos ver o que dá. Se tiver adulterada, a gente vai confirmar o que está acontecendo com meu esposo”.
Confira o posicionamento da Prefeitura de São Vicente abaixo:
“A Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria da Saúde (Sesau), esclarece que o paciente recebeu atendimento no Pronto-Socorro Central em 28/09 após relatar ingestão de bebida alcoólica.
Durante a avaliação médica, foram constatados quadro de vômitos, alteração pressórica e mal-estar, sintomas que são compatíveis com intoxicação por etanol, a forma mais comum de intoxicação alcoólica.
Não foram identificados sinais clínicos específicos de intoxicação por metanol, como alteração visual (visão borrada ou cegueira súbita), acidose metabólica grave ou rebaixamento progressivo do nível de consciência, critérios preconizados no protocolo clínico para investigação laboratorial dessa condição.
Dessa forma, o atendimento foi conduzido conforme preconiza o protocolo:
➡️Monitorização clínica e estabilização hemodinâmica;
➡️Controle da pressão arterial;
➡️Hidratação venosa e suporte sintomático;
➡️Observação até melhora do quadro clínico.
Após estabilização e ausência de sinais de gravidade, o paciente recebeu alta hospitalar com orientações.
A Sesau esclarece que a intoxicação por metanol não foi descartada de forma arbitrária, mas sim, pela ausência de critérios clínicos que justificassem exames específicos ou internação hospitalar prolongada, conforme protocolos do Ministério da Saúde”.
Bebidas apreendidas
Garrafas de bebidas foram apreendidas em panificadora de São Vicente
Divulgação/Polícia Civil
Policiais do 2º DP foram até a panificadora na quarta-feira (1º), após serem informados de que o idoso havia passado mal após consumir cerveja e “rabo de galo” no local. Os agentes apreenderam 12 garrafas de bebidas alcoólicas com suspeita de adulteração para análise.
Segundo a corporação, o responsável pelo estabelecimento apresentou amostras dos produtos expostos à venda e notas fiscais de parte das bebidas. No entanto, ele informou não ter comprovação da origem de outras garrafas, pois elas teriam sido recebidas como brindes de fornecedores.
O proprietário alegou que o idoso possui problemas de saúde preexistentes, o que poderia ter influenciado no mal-estar. De acordo com a polícia, o material passará por perícia para comprovação de uma contaminação devido à possível adulteração ou presença de substâncias tóxicas.
Intoxicação por metanol
Metanol em bebidas: só teste de laboratório pode detectar
A intoxicação por metanol a partir do consumo de bebidas alcoólicas batizadas — como gin, vodca e whisky — já provocou casos de internação grave, perda de visão e até morte no Brasil nas últimas semanas.
Duas pessoas da Baixada Santista estavam internadas com suspeita de intoxicação por metanol até a tarde de sexta-feira (3). Uma moradora de São Vicente estava estável, enquanto a outra de Cubatão precisou dar entrada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) (confira os detalhes clicando aqui).
A Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo recomenda que o paciente com quadro incomum após ingestão de bebida alcoólica deve procurar atendimento médico imediato, realizar exames laboratoriais e avaliação oftalmológica.
Conforme divulgado pelo órgão estadual, os sintomas de alerta são dores abdominais intensas, tontura e confusão mental. O socorro em até seis horas após o início das manifestações é fundamental para evitar o agravamento.
Infográfico: o impacto do metanol no corpo humano.
Arte/g1
VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos

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