Os trabalhadores que recebem R$ 5 mil por mês (R$ 60 mil ao ano) terão ganhos de R$ 312,89 na renda mensal a partir de 2026 com a isenção do Imposto de Renda aprovada nesta quarta-feira (1º) pela Câmara dos Deputados. O texto ainda precisa passar pelo Senado.
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Veja a seguir os acréscimos mensais por faixa salarial. Os cálculos foram elaborados por Welinton Mota, diretor da Confirp Contabilidade, com base no projeto aprovado.
Ganhos com a proposta de isenção do Imposto de Renda
Arte/g1
Na prática, esses são os valores que deixarão de ser descontados todos os meses, por faixa salarial, a partir de janeiro de 2026, caso o PL 1.087/25 seja aprovado pelo Senado e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em um ano, considerando também o décimo terceiro salário, a economia pode chegar a R$ 4.067 para quem recebe R$ 5 mil mensais, segundo cálculos de Welinton Mota. Na prática, isso representa um aumento anual equivalente a 81,35% do salário de um mês.
O projeto aprovado pela Câmara ainda prevê um desconto progressivamente menor para rendas entre R$ 5.001 e R$ 7.350 (veja na tabela acima). Com isso, esse público também será beneficiado, mesmo que em menor escala.
Quem recebe R$ 7 mil por mês, por exemplo, deverá ter ganhos de R$ 19,98 mensais e de R$ 259,69 no ano, considerando o décimo terceiro salário.
Já os contribuintes que recebem acima dessa faixa não serão impactados pelas mudanças. Nada muda também para quem ganha até R$ 3.036 — parcela já isenta pela tabela de Imposto de Renda em vigor.
“Se a pessoa ganhar acima de R$ 7.350, ela não vai ter redução alguma: seguirá a tributação normal da tabela progressiva”, pontua Welinton Mota, da Confirp.
O que mudou?
🔎 Hoje, estão isentos do Imposto de Renda os contribuintes com renda tributável de até R$ 3.036 por mês — equivalente a dois salários mínimos. Com a proposta, essa faixa de isenção será ampliada para rendimentos de até R$ 5 mil mensais.
A ampliação da faixa de isenção do IR foi uma promessa de campanha do presidente Lula. Se sancionada sem novas mudanças, deve incluir cerca de 10 milhões de contribuintes na lista de isenção a partir de 2026, ano de eleições.
Qual o total de isentos no país?
Caso o projeto seja posteriormente sancionado, o Brasil terá mais de 26,6 milhões de contribuintes isentos do Imposto de Renda (aproximadamente 65% dos declarantes).
Esse número inclui:
mais de 15,2 milhões de declarantes isentos atualmente;
quase 2 milhões de pessoas isentas pela Lei n.º 15.191/25, que eleva a atual faixa de isenção para quem ganha até dois salários-mínimos por mês; e
quase 10 milhões de contribuintes que passarão a ser isentos com o PL 1.087/25.
Quanto vai custar aos cofres públicos?
Em 2026, a isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil terá um impacto estimado de R$ 25,8 bilhões. Para compensar a queda na arrecadação, a Câmara manteve a proposta do governo de aplicar uma alíquota progressiva de até 10% sobre rendimentos anuais superiores a R$ 600 mil.
Com a progressão do imposto, a alíquota máxima para pessoas de alta renda será aplicada a quem tiver ganhos anuais a partir de R$ 1,2 milhão. Segundo o projeto, a cobrança não irá atingir contribuintes que já pagam a alíquota de 27,5% do IR — ou seja, que já têm esse desconto em folha.
“Atualmente, os lucros e dividendos são isentos do IR. O projeto prevê que, a partir de 2026, eles sejam tributados em 10%, desde que a distribuição mensal para um mesmo sócio da empresa seja acima de R$ 50 mil”, explica Welinton Mota, da Confirp Contabilidade.
Entenda o projeto:
Em março, o governo federal propôs ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda, a partir de 2026, de R$ 3.036 (dois salários mínimos) para R$ 5 mil.
Além de ampliar a faixa de isenção, a equipe econômica também propôs uma isenção parcial para valores entre R$ 5 mil e R$ 7 mil por mês.
Para compensar a perda de arrecadação com a ampliação da faixa de isenção do IR para rendimentos até R$ 5 mil mensais, o governo pretende taxar os super-ricos — ou seja, aqueles com renda mensal superior a R$ 50 mil (equivalente a R$ 600 mil por ano).
O projeto do governo, relatado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), impede que a cobrança sobre dividendos de pessoa física e empresa supere 34% para empresas e 45% para financeiras.
Em paralelo, há outro projeto de isenção do IR em tramitação no Senado, apresentado por Renan Calheiros (PP-AL). O texto, originalmente apresentado em 2019, foi resgatado sob o argumento de que o texto da Câmara estava parado.
Uma disputa política entre Lira e Renan é o pano de fundo da articulação dos projetos. Os dois devem concorrer ao Senado em 2026.
Imposto de Renda
LUIS LIMA JR/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO