‘Impunidade faz com que crimes continuem acontecendo’, diz filha de Chico Mendes
A ambientalista Ângela Mendes, filha de Chico Mendes, afirmou nesta segunda-feira (17), em entrevista ao g1 na COP30, que o sentimento de impunidade faz com que os crimes contra ambientalistas continuem acontecendo.
“Esse sentimento de impunidade que foi deixado, inclusive, ou talvez principalmente, no governo anterior, na gestão de Bolsonaro, faz com que os crimes continuem acontecendo e com força. São assassinatos e violação de direitos humanos de toda a natureza”, disse Ângela.
O seringueiro e ambientalista Chico Mendes foi assassinado a tiros em 1988, no Acre. Ele foi um dos precursores na busca pelo reconhecimento dos povos tradicionais.
A partir de sua luta, o Estado passou a reconhecer que povos tradicionais não são apenas indígenas e quilombolas, mas também diversas comunidades que dependem diretamente da preservação do meio ambiente para sobreviver.
As reivindicações dos seringueiros resultaram na criação das Reservas Extrativistas e influenciaram a formação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, que, além de prever as áreas de Proteção Integral (sem presença humana), também estabeleceu as de Uso Sustentável.
Legado e esperança
A ambientalista destacou que o legado de Chico Mendes permanece atual para enfrentar a crise climática.
“A gente traz aqui o debate sobre a importância desses legados, sobre o que as populações tradicionais, os povos originários, eles criam como solução.”
Para Ângela, as soluções discutidas na COP30 só serão efetivas se incorporarem a visão dos povos da floresta.
“Não existe solução climática sem ouvir quem vive na floresta e quem a protege todos os dias.”
Ela afirmou ainda que a memória do ativista funciona como um compromisso permanente: honrar o legado de Chico Mendes significa continuar defendendo a floresta, os extrativistas e os povos amazônicos.