Oficialmente, há uma morte por intoxicação de metanol no Brasil
Jornal Nacional/ Reprodução
Casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas têm preocupado os paulistas, fazendo até com que algumas pessoas alterassem seus hábitos quando o assunto é beber. No entanto, apesar da movimentação gerada por esses incidentes, não se trata da primeira vez em que os moradores de São Paulo precisam se preocupar com as bebidas destiladas oferecidas por bares e restaurantes.
Em dezembro de 1992, por exemplo, 160 pessoas foram intoxicadas em uma balada em Diadema após ingerirem a bebida conhecida como bombeirinho, que mistura pinga, limão e groselha. O drink estava batizado com metanol. O incidente resultou em três mortes.
No mesmo ano, em Santo André, uma mulher de 21 anos perdeu a visão após consumir bebida com vodca adulterada.
Existe uma cadeia de fiscalização para evitar que problemas como esses ocorram. No entanto, desde 2016, a Receita Federal cobra dos produtores de bebidas alcoólicas somente o envio de planilhas diárias de produção. Existe, ainda, um modelo de autodeclaração, em que as empresas informam os detalhes dessa produção.
Casos suspeitos de intoxicação por metanol superam 50 no estado
A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) advoga pela instalação de um sistema com controle automatizado da produção, com marcação física dos produtos. No ano passado, as bebidas ultrapassaram o cigarro como produto mais falsificado do país.
Segundo levantamento da ABCF, em 2024, foram mais de US$ 80 bilhões (R$ 428 milhões) em prejuízos ligados a adulterações, sonegação e contrabandos no Brasil. Segundo a associação, São Paulo é o estado que mais sofre com essa questão.
De acordo com Rodolpho Ramazzini, diretor de comunicação da ABCF, ao SP2, trata-se de um mercado que está “largado” em termos de falta de fiscalização e controle da produção. Ainda conforme Ramazzini, faltam equipamentos e agentes.
Em 2022, pesquisadores da Unesp criaram um método capaz de identificar a presença de metanol em combustíveis e em bebidas destiladas. O teste é rápido e usa uma solução à base de sal que faz a mistura mudar de cor. Se houver metanol no composto, enxerga-se uma cor roxa na amostra.
Para quem está acompanhando tudo de casa, pode ser importante não jogar garrafas de marcas conhecidas no lixo comum, já que os falsificadores usam o recipiente para envasar bebidas adulteradas. Rasgar o rótulo das embalagens também é uma dica valiosa.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que as ações da Vigilância Sanitária são pautadas pela legislação vidente, e que as inspeções são feitas de acordo com o Plano de Ação dos Serviços.