Iranianos só querem levar uma vida normal

Às vésperas do ataque israelense ao Irã, soube pelo New York Times que o regime teocrático do país tinha proibido os iranianos de passearem seus cachorros pelas ruas.

O cachorro é um animal imundo para o Islã, e o regime não tolera que seu povo ande cá fora com semelhantes aberrações. Nem nas ruas nem dentro dos carros.

Parece uma notícia anedótica. De certa forma é -para nós, habitantes das democracias liberais, amantes de cachorros e de qualquer outra espécie domesticável.

Não é anedótico para os iranianos, que desde 1979 vivem uma experiência única: serem cobaias de uma teocracia medieval que determina o que eles podem fazer, dizer ou pensar.

É neles que penso agora, quando os mísseis vão descendo sobre Tel Aviv e Teerã. Sabemos o que Israel deseja: destruir o programa nuclear iraniano. Sabemos o que o regime do Irã deseja: sobreviver para chegar à bomba e “riscar Israel do mapa”.

Mas, nas análises do momento, ninguém pergunta o que desejam os iranianos. Os que vivem no exílio, para começar, e também aqueles vivem no país, em exílio interior.

O historiador Arash Azizi procura responder à minha dúvida no seu “What Iranians Want” (Oneworld, 256 págs.). A resposta está contida no subtítulo da obra: “Women, Life, Freedom”, referência ao movimento feminista, social e político que nasceu no país depois do assassinato de Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana de 22 anos que a “polícia da moralidade” espancou até à morte.
Leia mais (06/16/2025 – 16h44)

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