Irmãs viralizadas como ‘Ribeirinhas da Amazônia’ levam voz e demandas da floresta à COP30

‘Ribeirinhas da Amazônia’ levam voz e protagonismo da floresta à COP30
As irmãs Fabiola e Fabiane Alves Pedrosa, conhecidas como “As Ribeirinhas da Amazônia”, participam da COP30 em Belém levando a rotina e as reivindicações das comunidades tradicionais da região após integrarem a expedição “Banzeiro da Esperança”, que partiu de Manaus rumo ao evento. Assista ao vídeo acima.
Moradoras da comunidade Santa Luzia do Baré, no Lago Amanã, em Maraã, no interior do Amazonas, elas seguem hospedadas na embarcação durante a conferência.
O canal criado por elas no YouTube, que reúne mais de 500 mil inscritos, e o perfil no Instagram, com mais de 91 mil seguidores, mostra o cotidiano ribeirinho: preparo de alimentos tradicionais, deslocamentos pelo rio, manejo da floresta, celebrações e os desafios de viver distante dos centros urbanos. Mas nem sempre foi simples imaginar que essa história teria tanto alcance.
“Achávamos que não era possível”, disseram.
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Ao g1, Fabiola contou que a ideia do canal surgiu em 2021, quando a pandemia fez muitas famílias reverem planos. Ela trabalhava em Manaus, mas precisou retornar à comunidade após ser demitida.
Nesse período, amigos que conheciam o meio digital incentivaram as irmãs a começar um canal sobre suas vivências.
“A gente mesmo não acreditava muito. Moramos em um lugar isolado, sem eletricidade 24 horas e sem internet. A cidade mais próxima é Tefé, então eu mesma não via oportunidade. Achava que não tinha como dar certo”, lembrou.
O projeto ganhou forma após esse incentivo. No início, elas gravavam os vídeos e viajavam de 12 a 14 horas de canoa até Tefé para tentar postar o conteúdo.
“Às vezes não conseguia subir nenhum vídeo porque o tempo na cidade era curto. Chegamos a vir duas ou três vezes para Manaus só para conseguir internet e postar”, disse.
O conteúdo viralizou rapidamente.
De comunidade sem internet à COP30: ‘Ribeirinhas da Amazônia’ levam voz da floresta e cobram ações pelo clima
Reprodução
“Foi um desafio muito grande, mas o canal tomou uma proporção enorme e isso nos deu motivação para continuar. Hoje temos nossa independência financeira e ajudamos nossa família. Tudo mudou. Eu era muito tímida, hoje me esforço pelo nosso trabalho”.
Fabiane lembra que também teve dúvidas no início. “A gente pensava que não ia dar certo. Não tinha energia, não tinha internet, então parecia impossível. E eu sempre fui mais tímida que a Fabiola, mas hoje eu me esforço pelo canal e pela nossa comunidade”.
Com o crescimento do canal, vieram conquistas importantes — entre elas, um sonho antigo da família, além da chegada de energia e internet na comunidade.
“A gente tinha começado a construir um barco, mas não conseguia terminar porque não tinha condições. Depois que o canal deu certo, conseguimos concluir. Era o sonho do nosso pai e hoje esse barco também é uma fonte de renda e de autonomia pra gente”.
Vozes ribeirinhas na COP30
As irmãs Fabiola e Fabiane Alves Pedrosa, conhecidas nas redes sociais e YouTube como “As Ribeirinhas da Amazonia”, participam da expedição “Banzeiro da Esperança”, rumo à COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas em Belém, no Pará.
Patrick Marques/g1 Amazonas
Na COP30, as duas consideram a participação uma oportunidade histórica de levar as demandas das comunidades ao debate global.
“É uma honra. Aqui estão indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pesquisadores. Vamos aprender muito, mas também vamos falar. Queremos mostrar os desafios que vivemos, como os impactos das mudanças climáticas, a falta de energia e saneamento. Não vamos passar despercebidas”, disse Fabiola.
Fabiane reforça que o momento é também de expectativa por resultados.
“É uma felicidade muito grande. A gente quer levar nossa voz, mas também quer voltar com resultados. A gente representa o povo ribeirinho. Queremos melhorias não só para a nossa comunidade, mas para todas. Que esse evento traga ações verdadeiras para proteger a floresta e nossa forma de viver.”
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Banzeiro da Esperança rumo à COP30
A expedição faz parte da “Jornada COP30”, mobilização que percorreu rios da Amazônia com lideranças comunitárias, representantes de movimentos sociais, organizações da sociedade civil e instituições públicas, construindo planos de ação climática a partir da realidade das comunidades amazônicas.
Segundo Eunice Venturi, gerente de Comunicação da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), o barco foi adaptado para receber cerca de 230 pessoas.
“O Banzeiro da Esperança foi preparado para receber lideranças comunitárias de todo o Amazonas. Mais do que uma embarcação, ele representa uma jornada que começou no início do ano e que vai levar as vozes dessas comunidades até a COP30”.
Durante o trajeto, o barco funcionou como espaço de diálogo e construção coletiva, com oficinas e encontros sobre crise climática. As propostas debatidas foram reunidas em uma carta apresentada durante a COP30.
Após a chegada a Belém, o Banzeiro da Esperança permanece aberto ao público com oficinas, exposições, exibições audiovisuais, apresentações de circo, dança e shows gratuitos.
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