Jogador do Londrina diz que recebeu oferta de R$ 15 mil para manipulação de resultados e denuncia empresário: ‘Não é dinheiro que me compra’


Jogo Londrina x Maringá do dia 26 de abril, que houve tentativa de compra de cartões, segundo a investigação.
Júnior Evangelista/RPC Londrina
A investigação do Ministério Público do Paraná (MP-PR) mostrou que o empresário Rodrigo Rossi enviou um áudio oferecendo R$ 15 mil para que um jogador do Londrina Esporte Clube levasse um cartão amarelo na partida realizada em abril contra o Maringá pela Série C do Campeonato Brasileiro. A conversa aconteceu após Igor Gutierrez estabelecer o primeiro contato com o atleta por uma rede social.
Outros dois jogadores do Londrina também receberam contato e denunciaram abordagem ao clube, que procurou as autoridades.
Os nomes dos jogadores não serão divulgados porque, de acordo com o MP-PR, eles não são investigados.
O conteúdo do áudio foi detalhado durante o depoimento do esportista à promotoria. As mensagens enviadas via Whatsapp eram de reprodução única. Apesar de não conseguir reproduzir novamente os áudios, o jogador explicou que a proposta incluía ainda um valor não especificado, a ser pago após o jogo.
“Nos primeiros áudios foram feitas propostas relacionadas ao gerenciamento de marketing do jogador, mas logo que o jogador informa não ter interesse, recebe uma mensagem de áudio de visualização única, na qual segundo seu depoimento foi lhe prometida vantagem patrimonial, consistente na quantia de ao menos R$ 15.000,00 (quinze mil reais) antecipados, para que recebesse um cartão amarelo nos primeiros 27 minutos da partida entre Londrina x Maringá, pela séria C do campeonato Brasileiro de Futebol”, diz o relatório do MP-PR.
As mensagens foram enviadas aproximadamente duas horas antes da partida, que aconteceu no dia 26 de abril.
Depois de ouvir a proposta, o atleta respondeu que “jamais faria isso” e, então, o contato foi interrompido.
O g1 tenta contato com as defesas de Igor Freitas e de Rodrigo Rossi, mas não teve resposta até a última atualização desta reportagem.
As conversas foram registradas em capturas de tela e anexadas ao processo. Confira abaixo, em ordem de recebimento:
Primeiro contato, feito por Igor Gutierrez.
Reprodução
Segundo contato, feito por Rodrigo Rossi.
Reprodução
Os outros dois jogadores que denunciaram a abordagem não chegaram a ouvir a proposta, mas receberam mensagens de Igor no mesmo dia, com um texto semelhante. Os dois atletas não deram continuidade às conversas.
Na sexta-feira (12), foi realizada uma operação conjunta entre o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco) do Ministério Público do Paraná (MP-PR) e o Ministério Público da Bahia (MP-BA). Nela, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em quatro endereços ligados a Igor e Rodrigo.
À RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, o promotor Jorge Barreto explicou que os jogadores mostraram as mensagens à direção do Londrina. O clube, por sua vez, comunicou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Em seguida, a Polícia Federal (PF) também foi informada e os atletas foram ouvidos pelo MP-PR.
A investigação continua com a análise dos materiais apreendidos.
MP-BA faz buscas em casas de empresário investigado por oferecer R$ 15 mil para jogadores do Londrina receberem cartão amarelo
Divulgação/MP-BA
O que diz o clube
Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, Lucas Magalhães, executivo de futebol do Londrina, disse que o clube se posiciona para “moralizar o futebol” e que ações que desvirtuam os princípios do esporte serão denunciadas.
“O fatos dos atletas terem vindo [denunciar] nos dá uma confiança maior”, Lucas disse.
Leia abaixo a nota na íntegra divulgada pelo Londrina Esporte Clube:
O Londrina Esporte Clube, se une a Federação Paranaense de Futebol (FPF), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e as autoridades policiais, para reafirmar seu compromisso com a integridade e a transparência no esporte.
O Londrina EC vem a público esclarecer que três atletas do clube foram recentemente abordados por uma pessoa que ofereceu dinheiro para participação em esquema de apostas. Essa abordagem ocorreu horas antes do confronto com o Maringá, válido pela Série C do Campeonato Brasileiro, realizado no dia 26 de abril.
Os atletas foram solicitados a tomar cartão amarelo durante a partida, mas prontamente se recusaram a participar desse esquema e imediatamente procuraram a diretoria do Londrina. A diretoria, por sua vez, acionou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) via Federação para comunicar o ocorrido e tomar as medidas cabíveis.
Após as denúncias, os atletas foram chamados ao Ministério Público para esclarecer os fatos, o que acarretou na operação contra dois empresários, cumprida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em Salvador, na manhã desta sexta-feira (12).
Expressamos nosso profundo respeito e admiração pelos atletas que, além de recusarem a proposta ilícita, tiveram a coragem de procurar a diretoria para denunciar a atitude maliciosa.
O Londrina Esporte Clube é veementemente contra qualquer forma de manipulação de resultados e continuará trabalhando em estreita colaboração com as autoridades competentes para combater essas práticas e garantir a lisura das competições.
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