Mais de 3 mil depósitos: transações mostram movimentação de R$ 11 milhões entre investigados na operação da PF em Sorocaba


Mais de 3 mil depósitos: transações mostram movimentação de R$ 11 milhões entre investigados na operação da PF em Sorocaba (SP)
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Uma igreja e os dois presos da segunda fase da Operação Copia e Cola movimentaram mas de R$ 11 milhões em depósitos fracionados com contrato falso. As informações são da Polícia Federal e estão no documento que embasou, além das prisões, o afastamento do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) por 180 dias.
O g1 e a TV TEM tiveram acesso a esses documentos. Conforme a PF, foram feitas análises do fluxo financeiro para comprovar que os contratos de publicidade firmados entre a empresa ME, atual 2M Comunicação e Assessoria, que é da primeira-dama, Sirlange Rodrigues Frate, além de outras entidades eram, na verdade, “ficção” e “estratagema” para lavagem de dinheiro. O método envolvia depósitos fracionados para, segundo a Polícia Federal, “esquentar” propinas.
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No total, foram 3.437 depósitos em contas bancárias, divididos da seguinte forma:
Marco Mott: 258 depósitos;
Cruzadas dos Milagres: 958 depósitos;
Josivaldo Batista Souza: 2.221 depósitos.
Os dados revelaram a dimensão dos depósitos em espécie, o chamado dinheiro vivo, nas contas dos investigados. Confira os depósitos de Josivaldo, cunhado de Rodrigo Manga, e Mott, amigo do prefeito afastado e apontado como operador do esquema:
Josivaldo Batista de Souza: recebeu 2.221 depósitos em espécie, totalizando R$ 2.917.556,00.
Marco Silva Mott e Empresas: recebeu 258 depósitos em espécie, totalizando R$ 6.520.406,05.
A investigação demonstrou que a origem dos valores repassados pela entidade religiosa Cruzada dos Milagres dos Filhos de Deus à empresa 2M Comunicação e Assessoria, empresa de Sirlange, era ilícita. A entidade pagou R$ 780 mil por supostos serviços de publicidade.
A PF afirma que a chave para identificar a lavagem de dinheiro foi a correlação entre os depósitos em espécie fracionados na conta pessoal de Josivaldo e as subsequentes transferências dele para a Cruzada.
PF vê provas robustas de movimentações ilícitas com dinheiro dinheiro público, em Sorocaba (SP)
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Em datas específicas, a PF rastreou o seguinte:
Em 25 de março de 2021: diversos depósitos em espécie fracionados foram realizados na conta de Josivaldo Batista. No mesmo dia, Josivaldo transferiu R$ 30 mil para a igreja Cruzada de Milagres, que imediatamente transferiu R$ 30 mil para a 2M Comunicação.
Em 29 de abril de 2021: depósitos fracionados em espécie ocorreram logo após a transferência de R$ 30 mil feita por Josivaldo para a Cruzada de Milagres.
Em 26 de novembro de 2021: mais depósitos fracionados em espécie foram realizados na conta de Josivaldo. No mesmo dia, Josivaldo transferiu R$ 30 mil para a Cruzada de Milagres, que repassou o mesmo valor para a 2M Comunicação.
jJsivaldo Batista e Marco Mott, investigados em operação que levou afastamento do prefeito de Sorocaba (SP)
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A presença dos depósitos em espécie fracionados realizados dias antes – ou no mesmo dia – das operações de pagamento de título demonstra, conforme a PF, de maneira robusta, que a origem dos valores repassados pela entidade religiosa era ilícita, sendo proveniente da conta bancária pessoal de Josivaldo.
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‘Contabilidade paralela’
A Polícia Federal também apontou a existência de uma “contabilidade paralela” que registrava valores de propina pagos por empresas interessadas em vencer licitações na Prefeitura de Sorocaba (SP). As anotações também indicam os nomes das pessoas que teriam recebido os valores.
A movimentação financeira era anotada no bloco de notas do celular de Josivaldo Batista de Souza, cunhado do prefeito, e aponta um controle minucioso de valores supostamente ilícitos recebidos por meio de contratos com o poder público.
De acordo com o relatório da Polícia Federal, as anotações encontradas em um dos documentos apreendidos indicam registros de entradas e saídas de valores, acompanhadas de abreviações que identificariam a origem ou o destino do dinheiro.
Como o documento está dividido entre “entradas” e “saídas”, a PF concluiu que os valores anotados ao lado das abreviações nas entradas representam pagamentos de propina relacionados a contratos de empresas com a prefeitura.
Envelopes encontrados continham nomes relacionados à empresas que fecharam contratos com a Prefeitura de Sorocaba (SP)
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A esposa de Josivaldo também mantinha anotações para controle financeiro dos valores, conforme a investigação. A contabilidade feita por Simone era anotada em folhas de papel e controlava pagamentos de despesas pessoais do núcleo Manga, feitas, segundo a Polícia Federal, com recursos de origem ilícita. As despesas incluíam:
Boletos de clube associativo;
Condomínio residencial;
Mensalidade da faculdade da filha do prefeito;
Custeio mensal de cavalos pertencentes ao prefeito.
O que dizem os citados
A defesa de Rodrigo Manga, por meio do escritório Bialski Advogados Associados, disse, em nota, que a investigação conduzida pela Polícia Federal de Sorocaba é completamente nula, porque foi iniciada de forma ilegal e conduzida por autoridade manifestamente incompetente.
A defesa de Sirlange Rodrigues Frate Maganhato informou que todas as operações financeiras mencionadas na investigação são lícitas, corroboradas por documentação e devidamente declaradas em Imposto de Renda. Disse ainda que todos os serviços mencionados foram efetivamente prestados e os valores faturados correspondem às atividades executadas.
Os representantes de Josivaldo, Simone e da Igreja Cruzada de Milagres dos Filhos de Deus não se manifestaram sobre os depósitos. Nos últimos dias tem afirmado que os clientes jamais participaram de qualquer atividade ilícita e que todos os recursos da igreja e de seus sócios estavam devidamente declarados às autoridades desde 2018.
A defesa de Marco Silva Mott também não comentou sobre os depósitos até a publicação da reportagem. Em outras situações têm dito desconhecer os fatos citados na reportagem e que se manifestaria quando acessar provas da investigação criminal.
Entenda a operação
Linha do tempo da operação Copia e Cola, da Polícia Federal, que investiga irregularidades na saúde de Sorocaba (SP)
Arte g1
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