Meta ocultou estudos sobre segurança infantil em plataformas de realidade virtual, denunciam ex-funcionários


Novo logo do Facebook, agora chamado de Meta, é mostrado na Califórnia, nesta quinta-feira, 28 de outubro
Justin Sullivan / Getty Images North America / Getty Images via AFP
A Meta suprimia regularmente pesquisas internas que apontavam graves riscos à segurança infantil em suas plataformas de realidade virtual, denunciam funcionários atuais e antigos em depoimento no Congresso dos EUA nesta terça-feira (9).
Após ser submetida a uma investigação do Congresso em 2021, a gigante das redes sociais contratou advogados para filtrar, editar e, em algumas ocasiões, barrar investigações de segurança sensíveis, denunciaram seis pesquisadores.
As denúncias foram reveladas pela primeira vez ao The Washington Post. Ao jornal, a Meta negou as acusações, e sua porta-voz Dani Lever as classificou como uma “narrativa predeterminada e falsa” baseada em exemplos selecionados.
“Defendemos o excelente trabalho de nossa equipe de pesquisa e estamos consternados com essas deturpações de seus esforços”, disse Lever, destacando que a empresa desenvolveu diversas proteções para jovens usuários.
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Denúncias de ex-funcionários
Ex-funcionários da Meta afirmam que a equipe jurídica da Meta tentou “estabelecer uma negação plausível” sobre os efeitos negativos desses produtos de realidade virtual em jovens usuários.
Embora a realidade virtual tenha gerado perdas significativas para a empresa-mãe de Facebook, Instagram e WhatsApp, a Meta é uma força líder nessa indústria, principalmente por meio de sua linha de dispositivos Quest.
“A Meta está ciente de que sua plataforma de VR [realidade virtual] está cheia de menores de idade. A Meta ignora deliberadamente esse conhecimento, apesar de ser óbvio para qualquer pessoa que use seus produtos”, declarou a ex-pesquisadora da Meta, Cayce Savage, na audiência no Senado.
Segundo The Washington Post, documentos internos mostram que, após a ex-gerente de produto Frances Haugen vazar informações prejudiciais sobre suas políticas de conteúdo, a companhia impôs novas normas a qualquer pesquisa sobre temas “sensíveis”, como infância, gênero, raça e assédio.
Isso incluía a recomendação de que os pesquisadores “tivessem cuidado” sobre como enquadravam seus estudos, evitando termos como “ilegal” ou afirmar que algo “viola” leis específicas.
No entanto, os documentos revelam que funcionários advertiram repetidamente que menores de 13 anos estavam burlando as restrições de idade para usar os serviços de realidade virtual da Meta.
Em 2017, um funcionário estimou que, em algumas salas virtuais, entre 80% e 90% dos usuários eram menores de idade. “Esse é o tipo de coisa que acaba nas manchetes, e de forma muito negativa”, alertou.
O pesquisador Jason Sattizahn declarou na audiência no Senado que estava “muito claro que a Meta é incapaz de mudar sem ser forçada pelo Congresso”.
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