O Ministério Público Federal (MPF) denunciou dez pessoas por participar de uma organização criminosa que promovia a entrada clandestina de estrangeiros no Brasil através da fronteira com a Venezuela.
As investigações apontaram que esse grupo atuou entre 2021 e 2024. E que, nesse período, foi responsável pela entrada ilegal de cerca de 400 migrantes em território brasileiro.
Migrantes venezuelanos formam filas em Pacaraima, na fronteira com o Brasil – imagem de arquivo
Caíque Rodrigues/g1 RR
De acordo com a denúncia, as vítimas chegavam a pagar mil dólares, cerca de R$ 5,3 mil, pelo serviço de “coiote” do grupo. O Brasil era usado como rota de passagem para outros países, ou seja, esses estrangeiros não ficavam por aqui.
A investigação descobriu ainda a participação de funcionários públicos terceirizados no esquema, que atuavam e Pacaraima (RR) — na fronteira com a Venezuela —, local de entrada desses migrantes no Brasil.
Atuação dos criminosos
Esses agentes recebiam propina para forjar o ingresso regular desses estrangeiros no Brasil.
Para isso, inseriam dados falsos no sistema de controle migratório da Polícia Federal, emitiam documentação sanitária fraudulenta e chegaram a usar carimbos oficiais furtados.
PF de SP prende 8 em operação contra contrabando de imigrantes para os EUA
O líder do grupo, segundo a investigação, é um cidadão sírio que está preso na França. A prisão dele aconteceu no final de agosto, em uma ação de cooperação entre a Polícia Federal, a Interpol e autoridades francesas. Há processo de extradição dele para o Brasil.
A denúncia aponta que ele operava o esquema de “coiote” na Venezuela e que negociava os pacotes de migração ilegal.
Os outros nove denunciados são brasileiros e venezuelanos que, segundo o MPF, participavam do esquema.
A denúncia agora será analisada pela Justiça e, se recebida, os envolvidos se tornam réus por crimes como promoção de migração ilegal, organização criminosa, peculato, corrupção ativa e passiva, além de inserção de dados falsos em sistema de informações.