Mulher que caiu em fossa após procurar necrotério de hospital do AC é indenizada em R$ 14 mil: ‘Pensei que ia morrer no esgoto’


Mulher que caiu em fossa após procurar necrotério de hospital do AC é indenizada
”Até hoje sou conhecida como a mulher que caiu na fossa. Eu fiquei apavorada, porque pensei que ia morrer afogada no esgoto e ser levada até o Rio Acre”.
Este é o relato de uma mulher de 69 anos, que pediu para não ser identificada, sobre um acidente que sofreu em 2015 enquanto aguardava a chegada do Instituto Médico Legal (IML) no necrotério localizado atrás do Hospital Epaminondas Jácome, em Xapuri, interior do Acre.
A queda virou processo judicial. A decisão fixou uma indenização de R$ 10 mil por danos morais e mais R$ 4 mil por danos estéticos. O Estado pode recorrer novamente. O g1 entrou em contato com a Procuradoria Geral do Estado (PGE) e aguarda retorno.
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No dia 10 de janeiro daquele ano, a mulher, na época com 59 anos, saiu de Rio Branco por volta das 11h e chegou ao hospital no interior por volta das 15h. O objetivo era ir ao necrotério para aguardar a chegada do IML com o corpo de um sobrinho que havia falecido.
No entanto, ela caiu dentro de uma fossa enquanto andava na calçada dos arredores do hospital. A queda resultou em um corte no braço, onde precisou levar dez pontos.
“Quando eu saí com a minha irmã, íamos pelo corredor para ir ao necrotério, pelo lado de fora do hospital, perto do muro. Aí, de repente, senti faltar o chão nos pés”, relatou.
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Naquele momento, ela disse que ficou apavorada e chegou a pensar que o esgoto a ‘levaria água abaixo até o Rio Acre’, mesmo sendo longe, e falou ainda da indignação com o ocorrido e com a falta de sinalização no local.
“Agora tinha que ser comigo?! Tanta gente passou e essa tampa não quebrou. E a gente nem via que era uma tampa, não tinha nenhuma sinalização no local”, explicou.
Fossa rompeu e mulher caiu dentro; caso ocorreu em Xapuri há 10 anos e ela foi indenizada pelo acidente
Arquivo pessoal/Cedida ao g1
Ferimentos
Ainda de acordo com ela, a água chegou até a metade do seu corpo e dois homens a seguraram pelos braços para retirá-la. “Eles pegaram nos meus braços. Quando me puxaram, meus pés estavam enganchados em ferros. Eu gritei, pedi para eles pararem e falei que ia tentar soltar os pés. Consegui, e aí eles me puxaram até eu conseguir sair”, disse.
Após o susto, ela percebeu a gravidade do corte no braço somente quando foi colocada na calçada.
“Sangrei muito porque cortou vasos, mas graças a Deus não cortou nervo nenhum. Não fiquei com sequela, só com a cicatriz enorme dos dez pontos”, complementou.
A mulher então foi levada para atendimento no hospital e contou que sentia muito nojo por estar coberta com a água do esgoto. Naquela ocasião, ela só pensava em tomar um banho e trocar de roupa.
“Quando baixei os braços, vi que estava toda ensanguentada e molhada com a água da fossa. Meu Deus, eu fiquei apavorada, com nojo. Achei que podia pegar uma infecção e morrer na hora”, contou.
Na época, o médico orientou que ela permanecesse em Xapuri por alguns dias antes de retornar para Rio Branco, devido ao risco de dirigir. A irmã com quem viajava retornou de ônibus, e ela ficou na casa de familiares até poder voltar para casa.
Mulher que caiu em fossa após procurar necrotério de hospital do AC sofreu ferimento, levou dez pontos e será indenizada em R$ 14 mil
Cedida
Trauma e repercussão
Incentivada por familiares e pela filha de sua amiga, que é sua advogada atualmente, Silvana Cristina, ela entrou com processo na Justiça algum tempo depois do ocorrido. Com o passar dos anos, diz que até mudou sua relação com o caso.
“Eu pensei que ia usar o dinheiro para fazer uma plástica no braço, porque a cicatriz ficou muito feia. Mas olha aí, já estou com 69 anos, já se passaram dez anos desse caso e oito desde que entrei na justiça. Nem penso mais nisso”, comentou.
Apesar de tudo e de ainda ter medo de andar em calçadas, hoje ela encara a situação com mais leveza.
“No início eu estava apavorada. Hoje, graças a Deus, já superei. Ainda tenho receio de andar em calçadas, com medo de cair em outro buraco, mas, quando alguém me chama de mulher que caiu na fossa, eu acho graça. Não me afeta em nada”, finalizou.
VÍDEOS: g1

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