O primeiro-ministro de Israel disse nesta sexta-feira (26) que precisa terminar o serviço em Gaza para eliminar os resquícios do grupo terrorista Hamas e libertar os reféns israelenses. Em um discurso que foi boicotado por delegações de diversas nações na Assembleia Geral da ONU – inclusive a brasileira -, Benjamin Netanyahu negou acusações de genocídio e criticou a decisão de países europeus de reconhecer um Estado palestino.
Quando Benjamin Netanyahu subiu ao palco, delegações de ao menos 30 países abandonaram a assembleia em sinal de protesto. Todos os sete diplomatas brasileiros presentes saíram. Três vestiam um lenço típico palestino. Entre vaias no plenário e aplausos – especialmente da plateia onde ficam convidados -, o presidente da sessão pediu ordem seis vezes. Netanyahu discursou diante de delegações de países como Estados Unidos, Reino Unido e França, além da União Europeia.
Benjamin Netanyahu
Jornal Nacional/ Reprodução
O primeiro-ministro israelense começou mostrando um mapa do Oriente Médio. Ele chamou os territórios em vermelho de “eixo do terror do Irã”. Riscou uma por uma as ameaças que disse ter combatido, em uma referência a ações militares contra os terroristas do Hamas em Gaza, o grupo extremista Hezbollah no Líbano, e os grupos armados no Iêmen e na Síria. Além do programa nuclear iraniano, alvo de ataques em junho. E acusou:
“O Irã estava desenvolvendo rapidamente um programa de armas nucleares e mísseis balísticos de grande porte. Eles estavam destinados a não só destruir Israel, mas também a ameaçar os Estados Unidos e a chantagear nações por toda parte”.
O primeiro-ministro lembrou que os atentados terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023 foram o pior ataque à comunidade judaica desde o Holocausto; que 1,2 mil inocentes foram assassinados e que os terroristas estupraram mulheres e queimaram crianças; também sequestraram mais de 250 reféns. Netanyahu afirmou que os últimos terroristas do Hamas estão escondidos na cidade de Gaza:
“É por isso que Israel precisa terminar o serviço, e queremos fazer isso o mais rápido possível”, disse.
Nesta sexta-feira (26), a ONG Médicos Sem Fronteiras anunciou que não vai mais operar na cidade porque a ofensiva intensa de Israel está colocando os funcionários em risco.
Ao longo do discurso, Netanyahu negou que Israel esteja cometendo genocídio em Gaza ou impedindo a entrada de ajuda humanitária. Ele afirmou que o Exército avisa à população antes dos ataques e toma medidas para minimizar danos a civis.
Em outro momento, o primeiro-ministro leu os nomes dos 20 reféns que Israel acredita ainda estarem vivos no cativeiro. Netanyahu afirmou que eles sofrem tortura e passam fome e disse que falaria diretamente com eles por meio de alto-falantes instalados em Gaza:
“Nossos bravos heróis, não esquecemos vocês nem por um segundo. Não vamos descansar até trazer vocês para casa”, disse ele.
Na ONU, delegações do Brasil e de outros países boicotam pronunciamento de Netanyahu
Jornal Nacional/ Reprodução
Depois, se dirigiu aos terroristas. Disse que, graças à inteligência israelense, o discurso também estava sendo transmitido ao vivo nos celulares dos moradores de Gaza:
“Se entregarem as armas e os reféns, vocês viverão. Caso contrário, Israel vai caçar vocês”.
E acrescentou que a guerra poderia terminar agora se o Hamas aceitar as demandas de Israel.
Netanyahu criticou os países que reconheceram o Estado palestino esta semana. Citou França, Reino Unido, Austrália e Canadá. Ele chamou a decisão de uma desgraça que vai encorajar o terrorismo contra judeus:
“Dar aos palestinos um Estado a 1km de Jerusalém depois do 7 de outubro é como dar à Al-Qaeda um Estado a 1km de Nova York depois do 11 de setembro”, disse Netanyahu.
O primeiro-ministro também acusou a Autoridade Palestina, que controla a Cisjordânia, de apoiar o terrorismo e descumprir acordos. Em uma rede social, a Autoridade Palestina publicou uma foto do plenário e escreveu:
“Netanyahu falando para um salão vazio”.
Em Nova York, o premiê israelense também se reuniu com os líderes da Argentina, do Paraguai e da Sérvia. Na segunda-feira (29), Netanyahu vai para Washington se reunir com o presidente americano. Nesta sexta-feira (26), Donald Trump disse acreditar que um acordo sobre Gaza está próximo.
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