‘O Jet Ski vinha no escuro’, diz sobrevivente que perdeu esposa e bebê em acidente no Rio Negro


Três pessoas morreram em colisão entre lancha e moto aquática
O sobrevivente Geovane Gonzaga, 30 anos, relatou momentos de desespero após o acidente entre uma lancha e uma moto aquática que deixou três mortos no Rio Negro, em Iranduba, no Amazonas, no último sábado (20).
Entre as vítimas estavam a esposa dele, Marcileia Silva Lima, 37 anos, o filho Jhon, de 5 meses, e um amigo, Pedro Batista, 42 anos, dono da lancha e piloto da embarcação no momento da colisão.
Geovane, que sofreu ferimentos nas costas, no braço e no rosto, foi levado ao hospital em Manacapuru, onde recebeu alta. Nesta terça-feira (23), após os sepultamentos, ele conversou com o g1 e relatou a dor pela perda da esposa e do filho.
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“É só muita dor. Perder uma pessoa já é difícil, mas perder duas de uma vez é muito mais complicado. Não tem como explicar”, disse, emocionado.
Ele contou que a família voltava da comunidade Saracá quando a lancha foi atingida pela moto aquática, pilotada pelo empresário Robson Tiradentes, conhecido em Manaus pelo trabalho no ramo de eventos.
“A gente vinha sinalizando com a lanterna, mas foi logo depois de uma curva. O ‘Jet Ski’ vinha no escuro, não vimos nada. O impacto foi muito rápido. Eu apaguei na hora e, quando voltei, já estava afundando. Consegui boiar e gritei pela minha esposa e pelo Pedro, mas não vi mais ninguém”, relatou.
Segundo Geovane, os ocupantes da moto aquática surgiram em um bote logo após a batida, mas não prestaram ajuda às vítimas ribeirinhas no local do acidente:
“Eles não se preocuparam com minha esposa nem com meu filho. Só estavam ajudando o colega deles”, pontuou.
Vítimas mortas no acidente entre moto aquática e lancha no Rio Negro
Divulgação
Ainda sem notícias da família, ele relatou o desespero e como conseguiu se salvar:
“Nadei até a beira e atravessei em um bote, que estava cheio de água, para outra comunidade. Depois tentei voltar para casa por terra, mas estava muito escuro e meu celular havia molhado. Fiquei deitado no mato até que meu primo, meu irmão e meu cunhado me encontraram, por volta de 2h30, 3h”.
O sobrevivente também falou da relação com Marcileia, com quem vivia há dois anos: “Ela era uma excelente esposa, sempre companheira. Uma mãe maravilhosa, que cuidava muito bem dos filhos. Só tenho boas lembranças dela”, afirmou.
Sobre a perda do filho, Geovane disse que a dor é indescritível.
“É uma falta que não dá para descrever. Uma dor imensa. Ele se foi e agora ficou só minha filha de 8 anos comigo” . Além do pequeno Jhon, Geovane e Marcileia também eram pais de uma menina de 8 anos, que não estava com a família no momento do acidente.
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Robson é irmão do comunicador e advogado Ronaldo Tiradentes, que apresenta um programa de notícias na TV, e comentou sobre o acidente na manhã de segunda-feira, informando que o empresário passou por uma cirurgia de oito horas para reconstrução do rosto.
Ronaldo também pediu à população que evite julgamentos precipitados e aguarde os procedimentos legais das autoridades.
“Eu pediria aqui a todos que aguardassem o resultado da perícia. Ela vai dizer quem errou, quem foi imprudente, quem foi imperito, quem foi irresponsável”, afirmou.
Acidente
Acidente entre moto aquática e lancha no Rio Negro
O acidente aconteceu na noite de sábado e deixou três pessoas desaparecidas. Após buscas, realizadas por quatro mergulhadores do Corpo de Bombeiros, os corpos foram encontrados na tarde de domingo e encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML), na Zona Norte de Manaus.
Ainda na noite de sábado, os bombeiros informaram que foram acionados na Marina do Davi, na capital amazonense, para socorrer Robson Tiradentes, que já estava ferido, com corte no rosto e fratura nos dentes. Ele foi encaminhado a uma unidade hospitalar e passou por cirurgia, segundo a família.
De acordo com a família Tiradentes, em nota enviada ao g1, Robson saiu à noite em busca de um mecânico para consertar um bote que estava à deriva com a esposa e a filha. Ao retornar, a embarcação havia sido levada pela correnteza.
Durante a busca, ele colidiu com uma canoa sem iluminação, e o dono da embarcação teria fugido sem prestar socorro. Somente na manhã do domingo souberam que o bote havia transportado outras pessoas.
Os corpos das vítimas, que estavam dentro da lancha, foram encontrados no domingo (21) pelo Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM).
A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), através da Delegacia Fluvial (Deflu), realiza diligências no local para apurar as circunstâncias do caso.
A Marinha do Brasil, por meio da Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental, informou que foi acionada e instaurará um Inquérito sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) para apurar as causas do acidente.
Uma mulher, um bebê de 5 meses e piloto de lancha morreram em acidente com moto aquática

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