ONU enfrenta uma das maiores crises financeiras em 80 anos


ONU enfrenta uma das maiores crises financeiras em 80 anos
Reprodução/TV Globo
Há 80 anos, um mundo que saia da Segunda Mundial criava as Nações Unidas para manter a paz e as negociações permanentes entre os países. Mas esse aniversário se dá em meio a uma das maiores crises financeiras da instituição.
No discurso de abertura da Assembleia-Geral, nesta terça-feira (23) de manhã, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçou:
“As Nações Unidas são mais do que um ponto de encontro. São um farol para os direitos humanos e um centro que transforma as decisões dos países em ações”.
Gaza. Ucrânia. Sudão. República Democrática do Congo. Em todos os campos de batalha, a ONU está presente de alguma forma: facilitando a entrada de ajuda humanitária, recebendo reféns libertados ou mesmo sendo a arena onde os países discutem uma solução. Isso tem um preço e a conta não está fechando. Mais da metade do orçamento de 2025 ainda não foi paga pelos países membros, incluindo os dois principais: Estados Unidos e China. Juntos, representam 42% do orçamento. O cálculo é feito com base no tamanho e poder econômico de cada nação.
Para cortar custos, a ONU restringiu novas contratações, transferiu as operações para outros países, limitou o uso de tradutores e suspendeu reuniões após as 18h para economizar energia.
Sem poder pedir dinheiro emprestar por ser um organizamos internacional, o secretário-geral propôs cortar o orçamento de 2026 em US$ 500 milhões. Para isso, a ONU vai ter que demitir cerca de 20% dos funcionários, em uma das piores crises financeiras da história das Nações Unidas.
O pesquisador da Universidade de Nova York Thibault Camelli afirma que os atrasos nos repasses à ONU são muitas vezes intencionais – uma forma de pressão política. Camelli explica:
“Eles podem pressionar a ONU para que, com o dinheiro curto, a organização priorize uma área em vez da outra”.
O professor de relações internacionais Michael Doyle, da Universidade de Colúmbia, alertou.
“Vai ser difícil manter ou ampliar a qualidade dos projetos com esses cortes. Eu acredito que quem é a favor da cooperação multilateral tem boas razões para se preocupar”.
O subsecretário-geral de políticas da ONU, Guy Ryder, lidera uma iniciativa para a ONU continuar sendo um farol em tempos de instabilidade:
“Temos tensões políticas profundas, conflitos atingiram o mundo e os sistemas de desenvolvimento não vão tão bem como gostaríamos. Precisamos descobrir uma nova forma de fazer o nosso trabalho do jeito mais eficiente possível”.
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