Operação mira 46 postos de Curitiba por lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis
Uma operação contra um grupo investigado por lavagem de dinheiro, contrabando de produtos químicos e sonegação fiscal em uma rede de postos e distribuidoras de combustíveis foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (28) pela Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RF) no Paraná.
As apurações apontam que 46 postos de combustíveis em Curitiba e região faziam parte do esquema. Leia mais abaixo.
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A ação cumpriu 43 mandados de busca e apreensão e 14 de prisão preventiva. As ordens foram expedidas pela 21ª Vara Federal do Paraná. A operação aconteceu em Curitiba, Pinhais, no Paraná e em Jundiaí, São Bernardo do Campo e São Paulo.
O grupo criminoso, segundo a PF, atuava desde 2019 e é suspeito de lavar pelo menos R$ 600 milhões, movimentando mais de R$ 23 bilhões por meio de uma rede de centenas de empresas, como postos, distribuidoras, holdings, empresas de cobrança e até instituições de pagamento autorizadas pelo Banco Central.
Como começaram as investigações
Operação mira 46 postos de Curitiba e região por lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis
Receita Federal
De acordo com a PF, as investigações tiveram início em 2023, quando um homem condenado por tráfico internacional e a esposa passaram a ostentar bens de luxo em um condomínio de alto padrão em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
O casal tinha mais de R$ 34 milhões sem origem lícita comprovada aplicados em imóveis, veículos, barcos e outros artigos de luxo. Durante as apurações, os agentes descobriram que eles se associaram a integrantes de uma empresa de produtos químicos e de uma distribuidora de petróleo com sede administrativa em Pinhais e sede operacional em Paulínia (SP).
Com uma empresa de comércio de produtos químicos, compraram insumos como nafta e metanol, usados em misturas ilegais de combustíveis.
Em 2019, criaram uma distribuidora de petróleo que entre 2020 e 2023 declarou faturamento de mais de R$ 7 bilhões. Segundo a PF, a companhia foi criada e funcionou com recursos ilícitos.
Ainda segundo a investigação, essa distribuidora estava ligada a pessoas citadas em esquemas de fraude de combustíveis em São Paulo e no Rio de Janeiro, inclusive com conexões a facções criminosas.
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Operação mira 46 postos de Curitiba e região por lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis
Receita Federal
Esquema de lavagem de dinheiro
A PF explicou que a lavagem de dinheiro seguia três etapas: colocação, dissimulação e integração.
Colocação: o dinheiro ilegal entrava na economia formal por depósitos em espécie, muitas vezes fracionados em pequenas transações, além de transferências feitas por empresas de fachada registradas em nome de laranjas.
Dissimulação: os valores circulavam entre diferentes empresas do grupo, com simulações de operações e fraudes fiscais.
Integração: os recursos voltavam ao mercado como se fossem legais, registrados em contabilidade fraudulenta da distribuidora.
Ao todo, foram identificados R$ 594 milhões em depósitos em espécie sem origem comprovada. Parte do dinheiro foi disfarçada como “adiantamento de clientes” ou movimentada por postos e lojas de conveniência. Os valores eram transportados em carros-fortes de empresas de pagamento também controladas pelo grupo.
Além disso:
R$ 148 milhões entraram diretamente nas contas da distribuidora;
R$ 203 milhões foram depositados nas contas de postos e conveniências;
R$ 163 milhões foram para uma instituição de pagamentos do próprio grupo, usada como “barreira” para ocultar a origem;
R$ 80 milhões foram distribuídos em contas de 13 operadoras financeiras;
R$ 482 milhões vieram de empresas de fachada ligadas a São Paulo.
Mais de 120 empresas suspeitas ainda transferiram cerca de R$ 1,4 bilhão sem qualquer justificativa.
No total, os investigadores estimam que mais de R$ 20 bilhões tenham circulado entre 2019 e 2025 em empresas sem declarações fiscais correspondentes.
Outros crimes descobertos
O grupo também fraudava importações de produtos químicos, principalmente nafta e metanol, vindos da Argentina, Venezuela, EUA e países do Oriente Médio. As cargas chegavam pelos portos de Paranaguá (PR), Santos (SP) e Aratu (BA).
Além disso, há indícios de sonegação fiscal, adulteração de combustíveis e até fraude nos medidores de bombas de gasolina. A dívida tributária acumulada junto à Receita Federal pode ultrapassar R$ 1,6 bilhão, incluindo autuações por sonegação fiscal e por fraude em importações.
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