Bar nos Jardins com suspeita de contaminação por metanol é interditado em operação da polícia
Uma operação de fiscalização contra a circulação de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol recolheu 128 mil garrafas de vodca nesta quarta-feira (1º) em Barueri, na Grande São Paulo. A ação interditou quatro distribuidoras de destilados que venderam bebidas alcoólicas para o bar Ministrão, nos Jardins, Zona Oeste de São Paulo. O bar foi interditado na terça-feira (30) por suspeita de bebidas adulteradas com metanol.
Segundo o governo de São Paulo, o lote só poderá ser liberado após a apresentação de documentação à Secretaria da Fazenda.
Nesta quarta, os fiscais foram à quatro distribuidoras de destilados: duas na capital paulista, e duas em Barueri, na Grande São Paulo. A investigação fez uma cronologia, primeiro buscando com as pessoas que passaram mal onde elas consumiram essas bebidas.
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Na capital, a Vigilância em Saúde interditou de forma cautelar dois depósitos da mesma distribuidora na Bela Vista, no Centro: o BBR Supermercado e o BB Belbilar Bbidas, ambos na Rua Conselheiro Ramalho. Antes da interdição, a Polícia Civil recolheu dezenas de garrafas com bebidas destiladas para perícia. Algumas estavam abertas.
Outro endereço em São Paulo fica na Vila Plana, Zona Sul da capital, na Rua Joaquim Nunes Teixeira, na Vila Plana. O nome desta distribuidora não foi informado.
Já em Barueri, dois galpões foram alvo da operação: um da GRF Distribuidora, na Avenida Prefeito João Vilallobo Quero, e, outro, da Brasil Excellance Comercial e Exportadora de Bebidas, na Avenida Dr. Humberto Gianella.
A Vigilância em Saúde interditou de forma cautelar dois depósitos da mesma distribuidora na Bela Vista: o BBR Supermercado e o BB Belbilar Bbidas.
Reprodução/TV Globo
No galpão da GRF Distribuidora, o lote específico não foi encontrado. Por isso, a polícia recolheu uma caixa de cada lote disponível no galpão para análise. A Vigilância Sanitária interditou cautelarmente esses lotes.
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Já no local da Brasil Excellance Comercial e Exportadora de Bebidas, a polícia não encontrou nenhuma atividade. Segundo informações dos investigadores, a distribuidora não opera mais nesse endereço há cerca de seis meses.
Em nota, a GRF Distribuição afirmou que colaborou com a polícia e a vigilância sanitária na investigação a respeito da contaminação de bebidas alcoólicas com metanol (leia íntegra abaixo).
O g1 tenta localizar as defesas das outras distribuidoras envolvidas nas operações desta quarta.
Interdições
Na terça, a polícia interditou um bar na Alameda Lorena, no bairro nobre dos Jardins, em que uma mulher de 43 anos ficou cega por suspeita de intoxicação com metanol após o consumo de vodca (leia mais abaixo).
Esta foi a primeira interdição no âmbito das operações contra a venda de bebidas falsificadas e adulteradas por metanol na capital. A operação contou com as vigilâncias sanitárias municipal e estadual, além do Procon e Polícia Civil.
O estabelecimento é um lugar de encontro de “happy hour” de pessoas que trabalham na região, além de servir almoços regularmente. O bar foi interditado por apresentar “risco iminente à saúde pública”.
Em nota, o Ministrão Bar informou que “todas as nossas bebidas são adquiridas de fornecedores oficiais, com nota fiscal e procedência garantida, provenientes de grandes distribuidoras reconhecidas no mercado”.
Essa é a primeira interdição no âmbito das operações contra a venda de bebidas falsificadas e adulteradas por metanol.
Abraão Cruz/TV Globo
Segundo Manoel Bernardes de Lara, diretor do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo, a interdição foi feita por precaução, já que o Ministrão está diretamente ligado ao caso da mulher que ficou cega após ingerir vodca.
“Nessa fiscalização [desta terça], a gente fez uma nova checagem e teoricamente as bebidas de hoje, a princípio, estavam regularizadas, mas por já ter ocorrido o caso de recolher [na segunda] mais de 100 garrafas [sem nota fiscal] não temos certeza se outras garrafas não foram manipuladas também”, afirmou ele.
Depois dele, o bar Torres, na Mooca, na Zona Leste e um estabelecimento em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, foram interditados. O nome do bar do ABC Paulista não foi divulgado.
Em nota, o Torres Bar informou que está “colaborando integralmente com todos os órgãos de fiscalização competentes”. Disse ainda que todos os “produtos são adquiridos de distribuidores oficiais e parceiros de longa data, que sempre prestaram serviços de confiança e credibilidade ao longo da nossa trajetória”.
Veja o que se sabe sobre o caso:
A operação da polícia nos bares de SP
Cliente que ficou cega após beber em bar
Mortes em SP por intoxicação com metanol
Mais de 100 garrafas apreendidas
O que é metanol?
Quais os principais sintomas e o que fazer?
Bar nos Jardins com suspeita de contaminação por metanol é interditado em operação da polícia.
Abraão Cruz/TV Globo
Nesta terça-feira (30), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que foram confirmadas cinco mortes por intoxicação por metanol. Uma delas já foi comprovadamente causada pelo consumo de bebida alcoólica adulterada. As outras quatro seguem sob investigação.
Em nota, o Torres informou que está “colaborando integralmente com todos os órgãos de fiscalização competentes. Todos os nossos produtos são adquiridos de distribuidores oficiais e parceiros de longa data, que sempre prestaram serviços de confiança e credibilidade ao longo da nossa trajetória”.
Como foi a operação da polícia
Nas contas da Secretaria de Saúde do estado, nesta terça foram apreendidas 112 garrafas de vodca em diferentes pontos da capital, incluindo 17 na Mooca.
Polícia faz operação em 2 locais suspeitos de vender bebidas que causaram intoxicação por metanol em SP; bar nos Jardins é interditado
Lucas Jozino/TV Globo
Segundo o governador, todos os estabelecimentos onde há suspeitas de intoxicação por metanol serão fechados cautelarmente para investigação do gabinete de crise criado para investigar 22 casos suspeitos de intoxicação em São Paulo.
“A partir do momento que a gente sabe que aquela bebida foi consumida naquele estabelecimento, esse local vai passar pela interdição cautelar. Não pode continuar comercializando bebidas se a gente tem uma suspeita que a bebida é fraudada”, disse Tarcísio nesta terça (30).
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Segundo ele, a interdição cautelar é uma forma de o governo do estado checar a documentação do estabelecimento com dados federais e mapear a origem da bebida.
“Se [o estabelecimento] comprou e não tem uma origem comprovada, ou se tem como comprovar, a gente também vai conseguir chegar no distribuidor e, a partir dali, fazer a investigação. Se houve boa-fé, a gente consegue fazer só a interdição da bebida, só a interdição do lote, e aí o estabelecimento volta a operar com segurança”, declarou.
Ainda de acordo com Tarcísio, até o momento a Secretaria da Saúde contabiliza outros 22 casos. Desses, 17 são suspeitos e estão sob investigação e cinco já estão confirmados.
Uma das vítimas é de São Bernardo do Campo, mas consumiu bebida alcoólica na capital paulista. O advogado Marcelo Lombardi, de 45 anos, morreu em decorrência de uma parada cardiorrespiratória e falência de múltiplos órgãos. No atestado de óbito, os médicos colocaram que o metanol foi a causa da intoxicação.
Cliente que ficou cega após beber em bar
Radharani Domingos
Reprodução/TV Globo
Conforme o g1 publicou nesta segunda (30), a designer de interiores Radharani Domingos, de 43 anos, que está cega por suspeita de intoxicação com metanol após o consumo de vodca em um bar de São Paulo.
Ela teve alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nesta segunda-feira (29) e foi encaminhada para o quarto.
Segundo a irmã dela, Lalita Domingos, ainda não há previsão de alta. “O oftalmologista entrou com tratamentos para reverter o quadro da visão, mas ela [visão] permanece comprometida. Estamos na expectativa de que algo mude.”
Ainda internada no hospital, Radharani concordou em conversar com o Fantástico e disse que os primeiros sintomas começaram após consumir bebida alcoólica durante uma comemoração de aniversário em São Paulo.
Na UTI, ela chegou a ter convulsões e precisou ser intubada. “Era uma região nobre, não era nenhum boteco de esquina. Bebi três caipirinhas de frutas vermelhas com maracujá e vodca. Causou um estrago bem grande. Não estou enxergando nada.”
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Em São Paulo, já são pelo menos 22 casos entre suspeitos e confirmados. O governador Tarcísio de Freitas anunciou cinco mortes relacionadas ao consumo de metanol: uma já comprovada por bebida adulterada e outras quatro em apuração.
O Ministério da Saúde afirmou que, até o momento, não há sinais de novos casos. A Polícia Federal acrescentou que não foi identificada nenhuma marca ou importação específica ligada às ocorrências.
Mais de 100 garrafas apreendidas
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Após a confirmação de mortes e casos suspeitos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas, policiais, integrantes do Centro de Vigilância Sanitária do estado e da Coordenadoria de Vigilância em Saúde da prefeitura realizaram uma ação de fiscalização em três bares da capital paulista localizados nos Jardins, Zona Oeste, e na Mooca, Zona Leste, na tarde desta segunda-feira (29).
Segundo o governo de SP, nos três estabelecimentos fiscalizados foram apreendidas 117 garrafas de bebidas sem rótulos e sem comprovação de procedência, que serão encaminhadas à perícia no Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Técnico-Científica. Dois estabelecimentos foram autuados por irregularidades sanitárias.
A recomendação do Centro de Vigilância Sanitária do estado de SP é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos, e que a população adquira apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal, evitando opções de origem duvidosa e prevenindo casos de intoxicação que podem colocar a vida em risco.
O que é metanol?
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O metanol (CH₃OH) é uma substância altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. O produto é um tipo de álcool simples, incolor e inflamável, com cheiro semelhante ao da bebida alcoólica comum.
Ele já foi chamado de “álcool da madeira”, porque antigamente era obtido pela destilação de toras. Hoje, sua produção industrial é feita principalmente a partir do gás natural.
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Porém, embora seja usado em pequenas quantidades na natureza, podendo ser encontrado em frutas, vegetais e até produzido pelo corpo humano em baixíssimas doses, o metanol é altamente tóxico em concentrações elevadas.
Sintomas e atendimento
A recomendação do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos.
Os sintomas podem incluir ataxia, sedação, desinibição, dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia, taquicardia, convulsões e visão turva, principalmente após ingestão de bebidas de procedência desconhecida.
Em caso de suspeita, é fundamental buscar atendimento médico de emergência. A população pode localizar o serviço mais próximo pela plataforma https://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/.
O Centro de Controle de Intoxicações (CCI-SP) também oferece apoio para diagnóstico e orientação pelos telefones (11) 5012-5311 e 0800 771 3733.
Impactos do metanol
Arte/g1