Passeio leva turistas para lago com mais de 36 mil jacarés em reserva de RO


Passeio leva turistas para lago com mais de 36 mil jacarés em reserva de RO
Imagine atravessar um lago repleto de jacarés? A atividade tem atraído visitantes curiosos em Rondônia. A experiência leva grupos de cerca de oito pessoas para explorar a Reserva Extrativista (Resex) Lago do Cuniã, em Porto Velho, onde habitam mais de 36 mil desses répteis.
Durante o trajeto, os gigantes surgem para “acenar” e se exibir diante dos participantes. Em um vídeo publicado nas redes sociais, um dos animais aparece ao lado de uma embarcação e provoca gritos dos aventureiros.
Ao g1, o condutor turístico e proprietário da agência, Jefferson Araújo, explicou que o passeio tem duração média de duas horas. O percurso segue até o Igarapé do Campo, área reconhecida pela diversidade de fauna e flora.
“A proposta dessa atividade é a contemplação da vida silvestre. Como o lago abriga cerca de 36 mil jacarés-açu, jacaré-tinga e jacaré-coroa, há grandes possibilidades de observá-los”, detalhou.
Ver um jacaré-açu de perto é o ponto alto da jornada. Segundo o guia, os turistas reagem com uma mistura de espanto e fascínio.
“Impressiona, por conta do porte do animal, mas a vivência causa muito encantamento. É encontrar uma Amazônia bruta, porém extremamente harmoniosa.”
De acordo com Jefferson, os passeios na Resex são conduzidos por moradores locais, que conhecem bem o comportamento dos bichos e os limites seguros da observação. Essa condução comunitária garante tranquilidade e proteção aos grupos.
“A administração é compartilhada com o ICMBio. Para visitar, é necessário solicitar autorização, informando o número de pessoas e o período desejado”, afirma Jefferson.
Durante a estação seca (de junho a outubro), as chances de avistar jacarés aumentam, já que eles se concentram em áreas menores do lago. Já na época chuvosa (de novembro a maio), costumam ficar mais dispersos e discretos entre as águas.
🌱 Turismo sustentável e comunidade engajada
Segundo Jefferson, a iniciativa surgiu de um plano de visitação de Turismo de Base Comunitária, desenvolvido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com apoio da Prefeitura de Porto Velho. Atualmente, o passeio é coordenado pela própria comunidade, em parceria com o órgão ambiental.
Além de emocionar, a proposta tem um objetivo maior: conservar a biodiversidade e fortalecer o vínculo entre as pessoas e o meio ambiente.
“Um turismo educativo amplia a conscientização sobre a relevância dos ecossistemas locais e a necessidade de preservar os jacarés e seu habitat”, ressalta Jefferson.
🌊 Resex Lago do Cuniã
RESEX fica localizada no baixo Madeira em Porto Velho (RO)
Acervo/ICMBio NGI Cuniã Jacundá
A Reserva Extrativista do Lago do Cuniã, criada em 1999, está situada no município de Porto Velho, a cerca de 130 km da zona urbana. Na região, aproximadamente 36 mil jacarés convivem com os habitantes locais.
Segundo levantamento do ICMBio, a Resex possui o lago principal, chamado Cuniã, cercado por outros 63 lagos com nome e localização definidos. Para chegar ao local, é preciso descer o rio Madeira, em direção ao Amazonas.
A interação com os jacarés ocorre principalmente quando os moradores utilizam os rios e igarapés para atividades de pesca ou navegação.
A única possibilidade de os animais se aproximarem das áreas habitadas ocorre durante o “inverno amazônico”, período de maior volume de chuvas, quando os lagos transbordam e alcançam as partes mais elevadas da comunidade, onde estão as residências.
Conforme estudos populacionais realizados pelo ICMBio, a população de jacarés é estimada em 36 mil indivíduos das espécies jacaré-açu e jacaré-tinga. Apesar da quantidade, não há superpopulação dessas espécies na região.
Para manter o controle da espécie de forma equilibrada, o ICMBio autorizou, em 2011, a prática do manejo de jacarés na reserva. No local existe o único frigorífico do país autorizado a abater jacarés em uma área de reserva. O projeto é baseado em estudos de reprodução e monitoramento de ninhos, que definem cotas de abate.
Segundo os moradores, essa medida é essencial para manter o equilíbrio da cadeia alimentar e contribui para a renda e segurança da comunidade, especialmente dos pescadores.
Moradores da comunidade trabalham com manejo de jacaré
Acervo/ICMBio NGI Cuniã Jacundá
Passeio leva turistas para conhecer lago com mais de 36 mil jacarés em RO
Redes sociais

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *