Luiz Garnica e Elizabete Arrabaça foram presos após a morte de Larissa Rodrigues, em Ribeirão Preto (SP). O médico Luiz Garnica e a mãe, Elizabete Arrabaça
Reprodução/EPTV
A Polícia Civil indiciou nesta sexta-feira (27) o médico Luiz Garnica e a mãe dele, Elizabete Arrabaça. Eles eram marido e sogra da professora de pilates Larissa Rodrigues, que morreu envenenada em março deste ano em Ribeirão Preto (SP).
Exames periciais apontaram que Larissa foi morta por ingestão de “chumbinho”, veneno ilegal usado para matar ratos (veja abaixo detalhes).
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Em uma coletiva de imprensa, os delegados Fernando Bravo e José Carvalho de Araújo Junior, responsáveis pelas investigações, informaram que os suspeitos foram indiciados por homicídio qualificado com uso de veneno.
O inquérito policial já foi enviado ao Ministério Público (MP), que deve formalizar uma denúncia à Justiça nos próximos dias.
*Reportagem em atualização
Interrogatórios
Luiz e Elizabete foram novamente interrogados pela Polícia Civil nesta semana. À época dos crimes, eles já haviam prestado depoimento, mas ainda apenas como testemunhas.
Durante os novos interrogatórios, Luiz e Elizabete negaram envolvimento nas mortes. O médico imputou os crimes à mãe, que, por sua vez, alegou acidente e apresentou contradições na hora de prestar os esclarecimentos.
No trecho do interrogatório ao qual a EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso, Luiz afirma que a mãe matou a própria filha, Nathália, para ficar com uma herança. O médico também diz acreditar que Elizabete matou Larissa, esposa dele, mas sem detalhar as motivações.
Durante os esclarecimentos, que duraram cerca de duas horas, Luiz pontuou que poderia ser a próxima vítima da mãe, também devido a questões patrimoniais e dívidas de Elizabete, que chegavam a R$ 320 mil.
“Acredito que, depois de tudo isso, eu seria o próximo, até pela quantia que ela precisava. Se ela teve coragem de matar a própria filha, que morou com ela a vida toda, qual a dificuldade de matar eu também? […] É muito difícil você pensar que a pessoa que te criou e criou suas irmãs é capaz de fazer uma coisa dessa, tanto com a própria filha ou a sua esposa”, afirmou à Polícia Civil.
Elizabete Arrabaça, por sua vez, iniciou o interrogatório contando como encontrou a filha morta, segundo o advogado dela, Bruno Corrêa.
“Ela esclarece que já estava na casa da filha, porque a filha estaria com dengue, então ela foi lá para ajudar a cuidar da filha. Durante o início da noite, ela ouviu a filha aparentemente engasgando, ela segue até o quarto, e a filha alega que teria engasgado ao tomar água. Então ela [Elizabete] sai e retorna mais à noite, onde a filha já estaria desfalecida”, afirma.
No início de junho, quando já estava presa, Elizabete escreveu uma carta para afirmar que a nora, Larissa, morreu após tomar um remédio que estava com veneno de rato na noite anterior à morte. De acordo com a suspeita, na carta, nem ela nem Larissa sabiam que o remédio estava com o veneno e que as duas tomaram por estarem com dor no estômago.
Além disso, na ocasião, Elizabete chegou a dizer que “a conclusão que cheguei nesses dias é de que Nathália havia colocado o veneno nas cápsulas de omeprazol”.
No entanto, no interrogatório desta quarta, a suspeita voltou atrás e descartou a possibilidade de a filha ter envenenado os medicamentos.
“A Nathália tinha muito tremor. Ela tinha tremor nas duas mãos, eu tenho mais na direita e fraqueza na esquerda. Eu tive dengue na cadeia e pensava: ‘será que não tinha alguma coisa nesse remédio da Nathália?’. Mas depois eu pensei bem e falei: ‘é impossível isso, não tem cabimento, porque a Nathália não teria condição, pelo tremor dela, de pôr alguma coisa. Foi uma ilusão da minha cabeça”, citou.
Ao fim do interrogatório, Elizabete pediu que seja concedida prisão domiciliar a ela, pelo fato de enfrentar problemas de saúde. Esse pedido já havia sido feito e negado pela Justiça anteriormente.
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Mortes por envenenamento
A professora de pilates Larissa Rodrigues, de 37 anos, foi encontrada morta no apartamento em que vivia com o médico Luiz Antonio Garnica em Ribeirão Preto em 22 de março deste ano. O laudo toxicológico apontou envenenamento pela substância conhecida popularmente como “chumbinho”.
O exame necroscópico descartou sinais de violência, mas apontou que ela teve lesões no pulmão e no coração, assim como a irmã de Garnica, Nathalia, que morreu aos 42 anos em fevereiro deste ano em Pontal, após um infarto, mesmo não tendo problemas de saúde aparentes.
Diante da proximidade das mortes, a Polícia Civil realizou uma exumação e a perícia nos restos morais de Nathalia concluiu que ela também morreu por ingestão de “chumbinho”.
Elizabete Arrabaça é investigada tanto pela morte de Larissa quanto pela morte da filha, por circunstâncias ainda a serem explicadas. Já o médico Luiz Antonio Garnica é suspeito de participação na morte da esposa.
A Polícia Civil e o Ministério Público suspeitam que um pedido de divórcio de Larissa, que pouco tempo antes havia descoberto uma relação extraconjugal do marido, pode ter motivado o crime. A sogra, por sua vez, foi a última pessoa a estar no apartamento da vítima antes da morte da professora.
Segundo o promotor Marcus Túlio Nicolino, uma denúncia por feminicídio contra os suspeitos deve ser formalizada à Justiça.
Nathália Guarnica e Larissa Rodrigues eram cunhadas e morreram envenenadas em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/g1
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