Por que peças da Linha 4-Amarela do Metrô quebradas em descarrilamento vêm da França


Linha 4-Amarela continua com operação parcial pelo 3º dia após descarrilamento
O descarrilamento de um trem da Linha 4-Amarela, entre as estações Vila Sônia e São Paulo-Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, deixou parte da operação prejudicada desde terça-feira (9). Apesar do susto, ninguém se machucou fisicamente. O problema, no entanto, não tem data para ser solucionado.
Quatro dias depois, a circulação ainda ocorre em via única, com velocidade reduzida e maior intervalo entre as viagens. A retomada completa só deve acontecer quando peças do sistema de sinalização, o CBTC — fabricadas sob encomenda na França — chegarem à capital paulista.
Segundo a concessionária ViaQuatro, que administra a linha, essas peças não ficam em estoque porque são produzidas e configuradas para cada trecho da via. Não há previsão de prazo para chegar à capital paulista.
🔎 O que é CBTC? É o sistema de sinalização que conecta trens e centro de controle por rádio. Na Linha 4-Amarela, permite a operação sem maquinista, automatizando partidas, paradas e abertura das porta
Na Linha 4-Amarela, ele opera no nível máximo de automação, em que não há condutor na cabine. Todo o processo é automatizado: partida, parada e abertura das portas nas estações. Essa tecnologia é a base que viabiliza a operação de trens sem maquinista, reduzindo falhas humanas e garantindo maior regularidade na circulação.
O g1 explica abaixo os pontos principais do caso:
Trem da linha 4-amarela descarrilou em SP
TV Globo
O que aconteceu no descarrilamento?
Um dos trens se soltou da composição que circulava entre Vila Sônia e São Paulo-Morumbi e saiu dos trilhos. O sistema de sinalização detectou a falha e acionou automaticamente a parada do trem, evitando uma tragédia.
“Essa questão da segurança é muito importante porque quem parou esse trem foi o sistema de sinalização. Quando ele detectou que tinha alguma irregularidade, já deu o comando de parada. Isso foi super bom porque acabou não causando nenhuma vítima”, disse Antonio Marcio Barros Silva, diretor de operações da Via Quatro.
Por que as peças precisam vir da França?
O sistema de sinalização da Linha 4 é o CBTC (sigla em inglês para Controle de Trens Baseado em Comunicação). Ele funciona a partir de equipamentos espalhados por toda a extensão da linha, que se comunicam com antenas instaladas nos trens e com o centro de controle operacional.
Cada equipamento é fabricado e programado de acordo com as características específicas do trecho em que está instalado. Por isso, não é possível usar uma peça de outro ponto da linha como substituta.
Segundo a ViaQuatro, não há peças em estoque justamente por conta dessa personalização. Quando ocorre uma falha grave, é preciso solicitar diretamente ao fabricante internacional.
A ViaQuatro não informou qual é o nome da empresa, tampouco o prazo para as peças ficarem prontas e chegarem ao Brasil para os reparos começarem. Ou seja, não se sabe quando o problema será resolvido.
Dá para ter essas peças em estoque?
De acordo com o engenheiro Peter Alouche, que trabalhou por 35 anos no Metrô de São Paulo, a resposta é não.
“Não dá. Não é fabricação em série. Cada metrô automático, como Hong Kong, Paris e Lyon, tem seu projeto específico de sinalização. Não é coisa de prateleira”, afirmou ao g1.
Alouche explica que a Linha 4-Amarela utiliza o sistema CBTC e que, como alguns dos equipamentos que ficam instalados ao longo da via foram danificados com o descarrilamento, vai levar tempo para consertar.
“São componentes específicos que precisam ser refabricados para serem instalados. Vai levar tempo”, disse.
Qual a consequência da falta dessas peças?
Sem os equipamentos de sinalização, a operação plena e circulação normal dos trens é afetada, porque os trens não podem circular com controladores, somente de maneira automatizada.
“Sem esses equipamentos a ViaQuatro, que opera sem condutor, não tem possibilidade de operar no trecho danificado”, explica Alouche.
Por isso, a linha segue funcionando em via única e com intervalos maiores.
Quando a linha volta ao normal?
Ainda não há previsão de prazo. A concessionária diz estar em contato direto com o fabricante para acelerar a entrega.
Segundo a ViaQuatro, assim que os equipamentos chegarem, as equipes de manutenção podem instalar e retomar a operação normal em pouco tempo.
Até lá, a Linha 4-Amarela segue operando parcialmente, com impacto direto na vida dos passageiros.
Entre as estações São Paulo-Morumbi e Vila Sônia, a via que segue em direção ao Centro permanece interditada. Com isso, os trens que vão para a Zona Sul circulam nos dois sentidos. O intervalo no trecho chega a 5 minutos — mais que o dobro do restante da linha.

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