Rafaela Sampaio Camorim cumpria pena no regime semiaberto em prisão feminina no Butantã até fugir com ajuda de casal
Reprodução/Arquivo pessoal/ Google Street View
A fuga de Rafaela Sampaio Camorim, conhecida como “Princesinha do crime”, contou com a ajuda de um casal armado, que rendeu duas policiais penais e invadiu o presídio feminino em São Paulo. O local estava com as câmeras de monitoramento de segurança desligadas.
A fuga ocorreu no início da tarde da última quinta-feira (18) no Centro de Progressão Penitenciária (CPP) do Butantã, na Zona Oeste. Rafaela cumpria pena por roubo, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).
Ela é considerada pelas autoridades uma das chefes de uma quadrilha especializada em furtos de carros esportivos de luxo na capital paulista e no ABC. Até a última atualização desta reportagem Rafaela não havia sido recapturada pela Polícia Militar (PM).
A Polícia Civil investiga o caso e tenta identificar quem são o homem e a mulher que foram de carro para a frente da unidade prisional e conseguiram soltá-la. O boletim de ocorrência foi registrado como “fuga de pessoa presa”.
Policiais aguardavam carga de carne
Fotos de Rafaela Sampaio Camorim mostram ficha prisional de presa que fugiu com ajuda de casal
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De acordo com o registro policial feito no 75º Distrito Policial (DP), Jardim Arpoador, uma das policiais penais falou que estava do lado de fora da unidade prisional aguardando a chegada de uma carga de carne para as presas.
Mas em vez do caminhão com o produto, o veículo que se aproximou foi uma caminhonete com duas pessoas dentro. Uma delas apontou uma pistola para a agente, que acabou rendida.
Segundo o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo (Sifuspesp), as duas agentes rendidas no CPP estavam desarmadas. De acordo com a categoria, a SAP “dificulta o acesso dos policiais penais a armas de fogo.”
Enquanto o homem permaneceu do lado de fora vigiando a policial penal, a mulher que estava com ele conseguiu entrar no CPP e foi até o segundo andar, onde rendeu outra agente.
Policial penal foi colocada em cela
Rafaela Camorim tem ficha criminal por roubo, segundo policiais
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Depois, passou a chamar por Rafaela, “a qual prontamente atendeu-a, saindo rapidamente” da cela. Em seguida, colocou a policial penal dentro da carceragem com as demais presas. Do lado de fora da prisão, a presa entrou com o casal no carro e todos escaparam no sentido à Rodovia Raposo Tavares.
A direção do Centro de Progressão Penitenciária foi até a delegacia que investiga o caso e informou que “o local encontra-se em fase de instalação de câmeras de monitoramento, motivo pelo qual todos os dispositivos encontravam-se desligados, inclusive onde as vítimas foram rendidas, inexistindo imagens do ocorrido”.
Inaugurado em 1990, o CPP Butantã é uma unidade prisional criada para abrigar presas no regime semiaberto. As detentas costumam trabalhar de dia e dormir à noite na cadeia.
Com 7.300 m², a unidade tem capacidade para 1.412 presas e abriga atualmente 1.073 mulheres, segundo dados da SAP.
CPP é conhecido como ‘cadeia de papel’
Presa foge do CPP do Butantã, na Zona Oeste de SP
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Rafaela estava detida desde 22 de agosto, após ter sida condenada pela Justiça por diversos crimes. Ela recebeu pena de 12 anos de prisão, segundo policiais ouvidos pelo g1.
Em razão das fugas que já ocorreram antes no Centro de Progressão Penitenciária, o local é chamado de “cadeia de papel” por agentes prisionais.
Em 2009, nove presas conseguiram fugir da então Penitenciária Feminina do Butantã. Em 2024, sete presos escaparam da ala masculina do CPP Butantã.
“Infelizmente essa fuga, que há muito tempo nós não víamos… mas tem um culpado. Chama-se déficit funcional. E precisamos urgentemente que esse concurso saia logo e, inclusive, aumente o número de vagas”, disse Fábio Jabá, presidente do Sifuspesp.
Presa se apresentava como recepcionista
Linkedin de Rafaela Sampaio Camorim informa que ela se apresenta como recepcionista, formada em pedagogia
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Procurada para comentar o assunto, a Secretaria da Administração Penitenciária informou, por meio de nota, que “instaurou procedimento para apurar o resgate de uma detenta condenada” e que a pasta “colabora com as autoridades e adotará todas as medidas cabíveis”.
“A Polícia Militar realiza buscas para localizar a mulher”, informa um trecho do comunicado da Secretaria da Segurança Pública (SSP). “A Polícia Civil atua para identificar os envolvidos na fuga.”
Rafaela tem 27 anos. Em seu perfil pessoal nas redes sociais, ela se apresentava como recepcionista, dizia ser formada em pedagogia e postava fotos como tendo uma profissão regulada pela lei.
Mas, segundo policiais, tudo não passava de um disfarce para ela liderar um grupo criminoso que levava automóveis das vítimas. Ela indicaria os modelos específicos alvos dos bandidos, que usavam aparelhos para desativar alarmes de rastreadores dos veículos.
O g1 não conseguiu localizar a defesa de Rafaela para comentar o assunto.
Rafaela Sampaio Camorim é conhecida como ‘Princesinha do crime’
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