Bolsas criadas pelo projeto Recria-se
Divulgação / Projeto Recria-se
Todos os anos, o Brasil descarta cerca de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis. Só em 2024, cada família jogou fora, em média, 44 quilos de roupas e calçados, segundo levantamento da consultoria internacional S2F Partners.
A maior parte desse material não tem destino sustentável e 80% dele vai parar em aterros, lixões ou é incinerada, provocando impactos no meio ambiente e desperdiçando recursos que poderiam ser reaproveitados.
Uma iniciativa lançada no Rio Grande do Sul chegou para mudar esse cenário. Idealizado pelo Instituto Justiça (IJ) e implementado pela empresa Ciclo Reverso, o projeto Recria-se transforma roupas sem condições de uso em bolsas, mochilas, sacolas e estojos sustentáveis.
Iniciativa da oportunidade para mulheres em vulnerabilidade social
Divulgação / Projeto Recria-se
“Atualmente, as peças não estão disponíveis para compra online. Elas podem ser encomendadas apenas por lote, mediante contato direto com o IJ. Nosso objetivo é expandir as encomendas, o que permitirá capacitar mais mulheres e ampliar a reciclagem de resíduos”, explica Indiara Dias de Souza, fundadora e diretora-geral do Instituto Justiça.
Mais do que reciclagem, a proposta promove geração de renda e oportunidade para mulheres em situação de vulnerabilidade social. As encomendas podem ser feitas pelo WhatsApp (11) 95550-2021, com lote mínimo de 100 unidades.
Doações sem utilidade
O projeto nasceu em meio às enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio de 2024. Na época, o Instituto Justiça arrecadou mais de 2 mil toneladas de doações para as famílias afetadas. Porém, muitas peças estavam danificadas e não poderiam ser distribuídas.
“Quando olhamos aquela montanha de roupas sem condições de uso, pensamos no impacto que aquilo teria se fosse parar em aterros. Foi nesse momento que nasceu a ideia do Recria-se”, relembra Indiara.
Diversos produtos são feitos a partir de tecidos que seriam descartados
Divulgação / Projeto Recria-se
Em menos de um ano de funcionamento, o Recria-se apresentou como 1,3 tonelada de resíduos têxteis reciclados e 64 mulheres capacitadas em corte, costura e técnicas de macramê. As participantes integram a Rede de Economia Circular da Ciclo Reverso, em Porto Alegre (RS), e recebem remuneração pelo trabalho. Ao todo, o projeto já gerou mais de R$ 69 mil em renda para o grupo.
A iniciativa também trouxe mudanças profundas na vida pessoal das mulheres. Bianca das Neves, por exemplo, trabalhava como diarista, mas nem sempre conseguia serviço. Agora, além da estabilidade financeira, conseguiu retomar sonhos. “Estou comprando materiais para reformar minha casa e, o mais importante, coloquei os dentes que me transformaram em outra pessoa”, conta ela.
Aos 60 anos, Jandira Lubas encontrou no Recria-se uma nova motivação. Demitida do restaurante em que trabalhava, enfrentava sinais de depressão. Hoje, a costureira comemora a oportunidade. “Trabalho o dia inteiro e vejo o resultado, podendo pagar minhas contas. Isso me faz sentir viva de novo. Aprendendo não me sinto velha”.
Moda cheia de propósito
O catálogo de produtos do Recria-se inclui bolsas, mochilas, estojos e sacolas produzidos a partir do reaproveitamento de tecidos. Além de reduzir o descarte no meio ambiente, cada peça carrega uma história de superação e impacto social.
Mulheres envolvidas no projeto de reaproveitamento de tecidos
Divulgação / Projeto Recria-se
“Participar do Recria-se é potencializar o impacto positivo na vida de mulheres em situação de vulnerabilidade social, através de capacitações e geração de renda além da redução de resíduos têxteis no meio ambiente”, diz Glenda Passuello, gerente do Instituto Justiça.
O projeto está aberto para parcerias com empresas e instituições que queiram adquirir produtos personalizados, unindo sustentabilidade e inclusão social.
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