Quase dois mil policiais acusados de motim por greve de 2017 serão julgados no ES


Dois mil militares serão julgados por greve da PM em 2017
Cerca de dois mil policiais militares do Espírito Santo começarão a ser julgados nesta quarta-feira (10). Eles são acusados de motim por participarem da greve da corporação, em fevereiro de 2017, que deixou o estado sem policiamento e resultou em uma onda de violência e centenas de mortes. O processo será julgado pela Justiça Militar.
Segundo o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), os militares respondem pelo crime de motim, cuja pena varia de quatro a oito anos de reclusão, com aumento de um terço para os apontados como líderes do movimento.
Entre os julgados, estão soldados, cabos, sargentos e subtenentes da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES). O julgamento está previsto para começar às 14h, na Vara da Auditoria Militar (AJMES), no Fórum Criminal de Vitória.
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Pela Constituição Federal, a PM não pode fazer greve porque a lei veda a sindicalização e o direito de greve aos militares.
A denúncia oferecida pelo Ministério Público cita alguns pontos sobre o que teria ocorrido naqueles dias de greve dos policiais:
Participação na greve: “Os denunciados aderiram ao movimento grevista, cada um ao seu modo em local, dia e horário diferentes, mas todos interrompendo a prestação do serviço de policiamento, bem como realizando conduta vedada ao policial militar.”
Ordem para cessar movimento: Relata que no dia 7 de fevereiro de 2017 um ofício do comandante determinou “a imediata cessação do movimento grevista” e que fossem para as ruas com viaturas ou em policiamento a pé;
Descumprimento de ordem: É dito que as ordens não foram cumpridas: “Inúmeros policiais militares deixaram de cumprir seu dever em exercer policiamento e aderiram ao movimento grevista em flagrante desrespeito aos princípios da hierarquia e disciplina, bem como a vedação constitucional do direito de greve.”
Quase dois mil policiais acusados de motim por greve, em 2017, serão julgados no Espírito Santo
Fernando Madeira/Rede Gazeta
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A denúncia aponta que, entre os dias 3 e 25 de fevereiro de 2017, policiais de diversas patentes — de soldados a subtenentes — descumpriram ordens do comando da PMES para retomar as atividades e mantiveram a paralisação.
Durante esse período, o estado registrou 219 homicídios, além de saques e assaltos em várias cidades. Para conter a crise, o governo estadual acionou a “Operação Capixaba”, que contou com mais de 3 mil militares das Forças Armadas e da Força Nacional patrulhando ruas e rodovias.
Por decisão do juiz Getúlio Marcos Pereira Neves, que organiza o julgamento, os 76 processos relacionados ao caso foram unificados, e haverá apenas uma sentença do Conselho Permanente de Justiça, formado por um juiz e quatro oficiais da PMES.
O acesso ao público na sala de audiências será restrito a advogados, membros do Ministério Público, servidores do poder judiciário e equipes de apoio, devido ao grande número de acusados.
Quase dois mil policiais acusados de motim por greve, em 2017, serão julgados no Espírito Santo
Guilherme Ferrari/Rede Gazeta/Arquivo
Caso já havia sido julgado na Justiça comum
O caso chega a julgamento na Justiça Militar após o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) anular, em agosto deste ano, condenações proferidas pela Justiça comum, em 2019, contra policiais e familiares que participaram da greve.
A decisão foi baseada na Lei 13.491/2017, que transferiu à Justiça Militar a competência para analisar crimes militares cometidos por integrantes das Forças Armadas e das polícias.
O que diz a defesa dos militares
O advogado Victor Abreu, que representa cerca de 1,8 mil militares, disse que só vai se manifestar após o julgamento. A defesa dos demais acusados não foi localizada.
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