Influenciadora de Piracicaba é alvo de operação contra crimes com uso de deepfake
Preso em Hortolândia (SP), nesta quarta-feira (1º), durante uma operação que mirou um grupo criminoso que usa vídeos com deepfake de celebridades para aplicar golpes, Lucas Tiago Oliveira de Cerqueira é apontado como responsável por coordenar as movimentações financeiras.
🔎 Deepfake é uma técnica que permite alterar um vídeo ou foto com ajuda de inteligência artificial (IA). Com ele, por exemplo, o rosto da pessoa que está em cena pode ser trocado pelo de outra; ou aquilo que a pessoa fala pode ser modificado.
Segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Cerqueira ostentava uma vida de luxo na internet. Ele, ao lado de Levi Andrade da Silva Luz, foi identificado como um dos chefes do esquema. Ao todo, a operação tinha como objetivo cumprir sete mandados de prisão.
“O Lucas que era o principal alvo, ele e o Levi, que orquestrava e organizava o funcionamento de todos os golpes”, detalhou Isadora Galian, delegada de Investigações Cibernéticas Especiais do RS.
Em Piracicaba (SP), os policiais prenderam a influenciadora Laís Rodrigues Moreira, conhecida como Japa, e a mãe dela por suposto envolvimento no esquema. As investigações apontam que a dupla movimentou R$ 15 milhões em um curto período de tempo.
Lucas Tiago Oliveira de Cerqueira, apontado como responsável por coordenar as movimentações financeiras do grupo
Reprodução/EPTV
Vídeos falsos
A Polícia Civil cumpriu, na manhã desta quarta-feira (1º), 26 ordens judiciais contra suspeitos de integrar um grupo criminoso que usa vídeos com “deepfake” de celebridades – como a modelo Gisele Bundchen – para enganar pessoas com vendas fraudulentas de produtos pela internet.
Os valores obtidos com o esquema podem chegar a R$ 210 milhões.
No total, são cumpridos nove mandados de busca e apreensão, sete de prisão preventiva, além do sequestro e indisponibilidade de 10 veículos, bloqueio de 21 ativos, investimentos ou aplicações, contas bancárias e carteiras de criptoativos em cinco estados:
Rio Grande Sul
Santa Catarina
São Paulo
Bahia
Pernambuco
A investigação da polícia identificou vídeos falsos usando imagens, por exemplo, além da modelo Gisele Bündchen, das apresentadoras Angélica Huck, Juliette, Maísa e Sabrina Sato.
Em um desses vídeos, os criminosos usaram a imagem da modelo supostamente anunciando uma promoção em que estariam sendo dadas malas de viagem. O produto seria de graça, mas era necessário pagar o frete.
Os interessados eram levados para um site alterado para parecer legítimo onde eram feitos os pagamentos. No entanto, após os valores serem pagos, quem pagou não recebia o produto – era dessa forma que os estelionatários lucravam. O dinheiro caía em contas de fachada.
Os suspeitos devem responder por estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e jogo de azar.
O esquema começou a ser investigado quando uma mulher do Rio Grande do Sul procurou a Polícia Civil para denunciá-lo.
Os suspeitos foram identificados a partir de perfis falsos nas redes sociais que anunciavam as campanhas publicitárias fraudulentas. Os investigadores detalham que um dos perfis usava um nome fictício criado com dados falsos e conexão por meio de VPN para ocultar a localização de quem de fato estaria usando o perfil.
Apesar disso, os perfis verdadeiros dos estelionatários foram identificados. Por meio delas, eles ostentavam os ganhos com os golpes e debochavam das vítimas.
Como não cair em golpes
A Polícia Civil alertar a população sobre os sinais de golpes digitais que utilizam deepfakes:
Desconfie de promoções “imperdíveis” protagonizadas por celebridades
Verifique sempre a autenticidade dos perfis que divulgam ofertas
Pesquise a reputação da empresa em sites como Reclame Aqui antes de comprar
Nunca forneça dados pessoais ou realize pagamentos sem confirmar a legitimidade da oferta
Denuncie imediatamente qualquer suspeita de golpe, mesmo que o valor seja baixo
Sobre denúncias, a Polícia Civil enfatiza que “uma das descobertas mais preocupantes foi constatar que a grande maioria das vítimas jamais denunciava os golpes”.
“Por cobrarem valores relativamente baixos, geralmente entre R$ 20 e R$ 100, muitas pessoas simplesmente ‘engoliam o prejuízo’ sem procurar as autoridades. Isso criava uma situação perversa onde os criminosos tinham uma espécie de ‘imunidade estatística’. Eles sabiam que a maioria das pessoas não iria denunciar, então podiam operar em massa sem medo”, explica a delegada Isadora.
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