A cúpula da Segurança Pública do Rio de Janeiro concedeu entrevista coletiva no início da tarde desta quarta-feira (28) para comentar os resultados da megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão.
O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, classificou o “dano colateral” como “muito pequeno”, afirmando que apenas quatro pessoas inocentes morreram durante a ação.
“Foi a maior operação da história. O Rio de Janeiro tem quase 1/4 de sua população morando em favelas, enquanto o percentual no Brasil é de 8,1%. São 9 milhões de metros quadrados de desordem na Penha e no Alemão. Uma investigação de aproximadamente um ano, envolveu as polícias de vários estados, principalmente do Pará”, disse o secretário.
Até a manhã desta quarta-feira (29), dia seguinte à ação, mais de 130 corpos haviam sido retirados da região, mas o governador só confirmou oficialmente 58 mortes: 4 deles policiais e 54 criminosos, segundo o governo.
Castro: ‘de vítimas, só tivemos os 4 policiais’
Mais cedo, o governador Cláudio Castro, disse que a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, a mais letal da história do Rio, foi um “sucesso”.
“Temos muita tranquilidade de defendermos tudo que fizemos ontem. Queria me solidarizar com a família dos quatro guerreiros que deram a vida para salvar a população. De vítima ontem lá, só tivemos esses policiais.”
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Segundo Castro, o principal indício de que os 54 eram criminosos é porque os confrontos foram todos em área de mata:
“Não acredito que havia alguém passeando em área de mata em um dia de operação”.
Castro não esclareceu porque o número de 64 mortos, anunciado na terça-feira, foi alterado. Também não comentou os outros 64 corpos deixados nesta quarta-feira, por moradores, na Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, uma das principais do Complexo da Penha.
“Temos que ser muitos responsáveis. A nossa contabilidade conta a partir do momento que os corpos entram no IML. A Polícia Civil tem a responsabilidade enorme de identificar quem eram aquelas pessoas. Eu não posso fazer balanço antes de todos entrarem. Daqui a pouco vira uma guerra de número. Nós não vamos trabalhar assim”, explicou.
Embate com o governo federal
Castro voltou a falar do que chama de falta de apoio do governo federal. Disse que espera ter integração e financiamento, e atacou os críticos.
“A gente não vai ficar respondendo nem ministro nem autoridade queira transformar esse momento em uma batalha política. O recado é: Ou soma no combate à criminalidade ou suma! “
A polêmica com o governo começou após falas de Castro, na terça-feira, cobrando apoio federal, que ele disse ter sido negado em operações anteriores (entenda).
Outras frases de Castro:
“Acabei de sair de uma reunião com diversos governadores, parabenizando a operação. Ontem pode ser o início de um grande processo no Brasil. Temos a convicção que podemos vencer batalhas, mas sozinhos não podemos vencer a guerra, contra o estado paralelo, que a cada dia vem se mostrando mais forte, com poder bélico maior, poderio financeiro mais forte.”
“Aquele que não entender que a segurança pública é o maior problema do Brasil hoje vai se arrepender e pedir perdão à sociedade. É por isso que o Rio de Janeiro sai na frente. Não nos furtaremos a fazer a nossa parte.”
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