‘Sensação de pânico’, ‘dá vontade de chorar’: o que está por trás da alta nos casos de transtorno de ansiedade infantil


Ansiedade na infância: atendimentos crescem mais de 5 vezes em SP
“É uma sensação de pânico e felicidade, tristeza, raiva, tudo ao mesmo tempo. Aí dá vontade de chorar.” É assim que Júlia Roque, de 11 anos, descreve uma crise de ansiedade. Depois do diagnóstico, hoje ela conta ainda mais com o apoio da mãe para enfrentar os momentos difíceis.
“Eu chego para ela e falo, mãe, eu não estou me sentindo muito bem, posso falar com você? Eu choro conversando com ela, aí depois a gente se abraça, ajuda muito”, descreve.
O caso de Júlia não é isolado e mostra uma tendência em alta no estado de São Paulo. O número de atendimentos de crianças e adolescentes com transtornos de ansiedade mais que quintuplicou no estado de São Paulo. Em 2019, foram 1.376 casos, enquanto em 2024 foram 7.195.
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Em 2025, as estatísticas seguem em alta. O balanço parcial entre janeiro e julho mostra que mais 5.334 casos foram registrados.
Para a psicóloga infantil Fernanda Sampaio, esses números são consequência de uma realidade cada vez mais pautada pelas tecnologias e redes sociais.
“A criança começa a não ter as atividades normais do dia a dia por ansiedade, por medo, por preocupação, então as redes sociais hoje em dia contribuem muito para isso e a criança perde o foco nas atividades e começa a ter sintomas”, diz.
Criança segura um lápis enquanto faz lição de casa; casos de ansiedade infantil cresceram 5 vezes em São Paulo.
Reprodução/EPTV
Diagnóstico e apoio familiar
Segundo os especialistas, o diagnóstico é fundamental. Entre os principais sintomas a serem observados nas crianças estão:
medos e preocupações exageradas;
irritação e choro frequente;
alterações no sono;
dores sem causa médica;
dificuldade de concentração.
De acordo com Fernanda, quanto mais cedo o problema for identificado, melhor será para a saúde não só na infância, como também em outras etapas da vida. Em Ribeirão Preto, o Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil realiza esses atendimentos gratuitamente e sem necessidade de agendamento prévio.
“A infância é um período de desenvolvimento, aparecem muitas questões de ansiedade, porém elas tendem a passar, a serem diminuídas e isso acabar. Quando isso não passa, precisa de uma ajuda e lá, quando for adulto, ele vai poder ter um desempenho melhor em todas as áreas, ser um adulto mais saudável, enfim, a infância é fundamental no desenvolvimento infantil”, afirma a psicóloga infantil.
Mãe de Júlia, a analista de vendas Lilian Gonzaga da Silva percebeu rapidamente a mudança de comportamento da filha e hoje consegue notar uma melhora significativa.
“Acredito que com criança a gente tem que olhar com mais cuidado, ir atrás mesmo, investigar mesmo, ouvir e acreditar nos profissionais, que graças a Deus eles fazem o trabalho deles muito bem e a gente tem que acreditar sim”, afirma.
A analista de vendas Lilian Gonzaga abraça a filha Júlia, em Ribeirão Preto (SP).
Reprodução/EPTV
Ela conta que identificou os sinais logo no início da vida escolar da filha, seis anos atrás, em meio à pandemia da Covid-19, com a dificuldade de participar das atividades da escola pela internet.
“Ela entrou no primeiro ano bem na pandemia e aí começou a fazer algumas aulas online. Em uma dessas aulas online ela teve uma crise muito grande, chegou a desmaiar fazendo aula online. Depois desse episódio, ela não conseguia mais fazer as aulas online junto com a turma, ela tinha vergonha, tinha medo, suava demais, tremia, não conseguia fazer.”
O acompanhamento médico e o apoio familiar, segundo Lilian, fizeram toda a diferença. Ela conta que hoje já tem tirado as medicações que antes dava para a menina.
“Faz um tempo que ela não usa e depois que ela começou a entender, que começou a trabalhar isso sozinha, está melhorando demais. A gente conversa muito. O dia que não está bem ela vem e diz que não está bem.”
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