Sabores da COP: comerciantes de Belém criam delícias exclusivas para o evento climático
Ingredientes típicos da Amazônia, como o açaí, o cupuaçu e a castanha-do-Pará, aparecem como destaques em pratos criados especialmente para a COP 30 por chefes de cozinha de Belém, no Pará.
Especialistas e comerciantes defendem que a gastronomia local pode ser usada para encantar quem pretende conhecer mais da cultura paraense, especialmente quem vem visitar Belém na COP.
Segundo Marcos Médici, produtor cultural e influenciador gastronômico, a comida que surge da Amazônia não somente alimenta, como também apresentar para o visitante a produção por trás desse alimento.
“Nossa gastronomia interage diretamente com a natureza”, afirma o influenciador.
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A Gelateria Damazônia apostou em elementos 100% regionais para criar o sabor COP+
Gelateria Damazônia
COP e oportunidades de apresentar o Pará
Com a proximidade da Conferência do Clima, novos sabores batizados com o nome da COP começaram a surgir em Belém. A sorveteria Cairu, por exemplo, lançou o sabor COP 30: uma mistura de pistache, doce de cupuaçu e castanha-do-Pará.
“Como a COP é um evento global, pensamos em unir esse espírito internacional à nossa culinária regional”, conta Armando Laiun, fundador da Cairu.
O empresário defende que a ideia surgiu como forma de atrair os clientes locais e também chamar a atenção de quem está de passagem na cidade.
Recheio mistura o pistache, a castanha e o doce de cupuaçu
Recheios do Pará
O sabor chamou atenção também de outros empreendedores. A marca paraense Recheios do Pará criou um bombom de chocolate inspirado na mesma combinação, com recheio verde vivo e textura cremosa. A ideia, segundo o diretor comercial Diogo Ferreira, era mostrar que Belém está conectada com o mundo.
“Algumas pessoas amam, outras torcem o nariz por causa do pistache, que é polêmico. Mas o importante é gerar essa curiosidade e mostrar que Belém está conectada com o restante do mundo”, diz.
Segundo Médici, misturar o pistache com elementos regionais é uma ideia boa. Ele afirma que o turista chega a Belém e procura por alimentos semelhantes ao que ele conhece, como hambúrguer e batata frita. A mistura de ingredientes “de fora”, como o pistache, pode representar conforto para esse público e fazê-lo comprar.
“Quem está em uma viagem longa, às vezes, só quer algo que o faça sentir em casa”, pontua.
Sorveteria aposta em elementos regional e internacional para atrair clientes
Sorveteria Cairu
Em contrapartida, iniciativas como a Gelateria Damazônia apostam em combinações 100% regionais. A sorveteria lançou o sabor COP+, feito com cumaru, geleia de bacuri e crocante de castanha, todos ingredientes amazônicos.
“Temos uma das maiores diversidades de sabores do planeta. Usar ingredientes importados é deixar de aproveitar o que temos aqui”, afirma Carlos Ferreira, proprietário da Gelateria.
No entanto, também é possível encontrar sabores puramente regionais, como sorvete de açaí com tapioca, cupuaçu com doce da fruta, bombom de chocolate com recheio de pupunha – fruto de uma palmeira nativa da região amazônica – e mais uma variedade de receitas com frutas da Amazônia.
‘É possível comer da Amazônia e valorizá-la’
A chef de cozinha Tainá Marajoara, co-fundadora do projeto Iacitata, afirma que a gastronomia paraense é reflexo da diversidade e valorização dos modos de vida da região.
Ela reflete sobre a importância de promover uma gastronomia que valoriza o ingrediente, mas também o povo da floresta que a produz.
“Os ingredientes não chegam sozinhos à mesa do chef. Tem todo um movimento por trás para levar até o consumidor um alimento saudável e sustentável, produzido pelas mãos de quem vive e respeita a floresta”, diz Tainá.
O projeto Iacitata já comercializou mais de 25 toneladas de alimentos sem agrotóxicos e transgênicos, todos provenientes de agricultura familiar e sistemas agroextrativistas.
“A Amazônia é uma diversidade de povos, águas, saberes. O que chega no prato é o resultado desse sistema”, afirma Tainá.
Valorização do que é produzido localmente
Marcos destaca a técnica e criatividade da gastronomia paraense, que consegue transformar produtos tóxicos em alimentos, como a maniçoba, prato da culinária indígena amazônica que se assemelha à feijoada, mas usa a maniva — folha moída da mandioca — no lugar do feijão.
Para o especialista em gastronomia, a força da cozinha local está menos no exótico e mais na potência de produzir sabor e memória.
“Todos os cozinheiros que fazem maniçoba são alquimistas por transformar algo tóxico em comida. É uma criatividade que nasce da técnica, do tempo, da escuta, do ingrediente”, afirma.
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