Casal vítima de stalker em SC revela prints de ameaças; leia trechos
A Justiça de Santa Catarina determinou a internação em um hospital psiquiátrico da mulher que perseguiu um dentista no Litoral Norte por pelo menos cinco anos. Presa em fevereiro deste ano, a ‘stalker’ foi solta em 27 de julho, mas descumpriu medidas cautelares ao fazer uma publicação nas redes sociais se dirigindo ao homem.
O delegado Rafael Lorencetti, responsável por cumprir o mandado de internação, informou que a mulher também teria ameaçado de forma genérica pessoas envolvidas no processo que trata o caso. Os detalhes das ameaças não foram informados.
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As investigações constataram que a mulher conheceu o dentista Felipe Cordeiro em uma consulta em 2019 e, desde então, passou a persegui-lo, crime conhecido como “Stalking”. Nos últimos anos, também ameaçou o profissional e a companheira dele de morte.
🔴 Daiane Terrez foi submetida a um laudo de sanidade mental que diagnosticou Transtorno Psicótico não orgânico não especificado. Com base nesse diagnóstico, ela foi considerada “incapaz de compreender o caráter ilícito de seus atos”.
Mulher suspeita de perseguir dentista e namorada dele foi presa em Itajaí
Polícia Civil/Divulgação
Mulher presa por perseguir dentista o conheceu durante consulta odontológica
Stalker invadiu prédio da vítima 2 vezes, segundo processo
Como resultado, o tribunal proferiu uma sentença de absolvição imprópria, impondo uma medida de segurança a ela. Com o descumprimento das regras, o direito de recorrer em liberdade foi revogado e ela deverá ficar internada por, no mínimo, um ano.
Em um dos vídeos em que se dirige ao médico, Daiane escreve: “Amor da minha vida, que dispensa precisar nomear, porque todos já sabem quem é. É! Eu sou doente mental de tanto amor, dentro da minha perfeita saúde mental, física e espiritual. Te amo, e sempre irei amar, FC!”.
Em outra publicação, escreveu na legenda de um vídeo: “Cuidando da minha saúde para garantir nosso futuro com nossos filhos… FC”
Ela foi localizada na casa de parentes, levada ao Complexo Penitenciário da Canhanduba e de lá, será encaminhada a um hospital de custódia.
O delegado detalhou que ela estava na casa de familiares em Itajaí e não apresentou resistência. A decisão é passível de recurso. O g1 não conseguiu contato com a defesa.
A lei que inclui no Código Penal o crime de perseguição, conhecido também como “stalking”, é recente e foi sancionada em 2021 (entenda o crime mais abaixo).
Perseguição
A perseguição começou há cerca de cinco anos. Após realizar uma consulta odontológica, teria passado a idealizar um relacionamento amoroso, que não existia, com o próprio dentista. A noiva dele também havia se tornado alvo de crimes e perturbações.
A mulher escreveu em uma rede social que tinha um relacionamento com o dentista e desconfiava, inclusive, estar grávida dele. Relatou a suspensão do uso de anticoncepcional, pois ambos planejavam um filho. À Polícia Civil, ele afirmou que jamais esteve em uma relação amorosa com a mulher.
Segundo a investigação, ela enviava mensagens com injúrias e ameaças às vítimas, usando, inclusive, celulares de outras pessoas e contas de e-mails falsas. Depois, passou a monitorar endereços de residência, trabalho e locais de lazer, como restaurantes, do casal.
A mulher foi ao prédio onde o casal reside ao menos duas vezes, uma em 2023 e outra em 2024. Na primeira ocasião, bateu na porta por meia hora, até a Polícia Militar chegar.
O Ministério Público, então, pediu a prisão preventiva, que foi autorizada pela Justiça. Ela foi detida em 3 de fevereiro.
O g1 procurou o dentista e a advogada dele e aguardava retorno até a última atualização desta reportagem.
O que é stalking?
O termo “stalkear” muitas vezes parece banal, utilizado para se referir a prática de bisbilhotar os posts de pessoas. A curiosidade, por si só, não configura nenhum tipo crime. O delito ocorre quando isso passa a influenciar na vida de quem é acompanhado.
“O que caracteriza o crime é quando há uma ameaça à integridade física ou psicológica da pessoa, restringindo uma capacidade de se locomover ou perturbando a liberdade ou a privacidade do alvo”, explicou Nayara Caetano Borlina Duque, delegada da DCCIBER (Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de São Paulo), em entrevista ao g1, em 2021.
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