STM apoia carta em que Barroso diz que tarifa de Trump se baseia em ‘compreensão imprecisa dos fatos’


Barroso rebate Trump em carta
O Superior Tribunal Militar (STM) manifestou nesta segunda-feira (14) apoio à carta divulgada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, em resposta ao tarifaço anunciado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na carta, Barroso afirma que a medida norte-americana de taxar em 50% os produtos brasileiros se baseia em uma “compreensão imprecisa dos fatos” e representa uma interferência indevida nos assuntos internos do Brasil.
A nota oficial do STM é assinada pela ministra-presidente do colegiado, Maria Elizabeth Rocha, e classifica a manifestação do presidente do STF como “altivo e pedagógico”, destacando que o texto de Barroso corresponde às expectativas das instituições brasileiras e da sociedade.
“A realidade ora vivenciada pela sociedade brasileira, bem assim as situações de tensionamento provocadas por descabidas e inéditas intromissões externas na vida do nosso país, estavam a reclamar uma posição firme e corajosa do Poder Judiciário brasileiro”, afirmou a ministra Maria Elizabeth Rocha.
Ministra Maria Elizabeth Rocha, presidente do STM
Divulgação/STM
Segundo o STM, sem um judiciário forte e independente, não há segurança jurídica nem condições para o desenvolvimento social e econômico do país.
“Os países civilizados reconhecem a supremacia de sua Constituição, a separação harmônica e independente dos órgãos de Estado e a garantia dos direitos fundamentais como pressupostos básicos de um Estado Democrático de Direito, que se apresenta como um valor fundante de uma nação soberana e civilizada”, diz a nota.
Carta de Barroso
Em carta divulgada neste domingo (13), o ministro Luís Roberto Barroso afirmou que a tarifa de 50% anunciada por Donald Trump se baseia em uma “compreensão imprecisa” dos fatos ocorridos nos últimos anos o Brasil.
“Em 9 de julho último, foram anunciadas sanções que seriam aplicadas ao Brasil, por um tradicional parceiro comercial, fundadas em compreensão imprecisa dos fatos ocorridos no país nos últimos anos”, afirmou Barroso.
O ministro afirmou, ainda, que diferentes visões de mundo “não dão direito a ninguém de torcer a verdade ou negar os fatos concretos que todos viram e viveram”.
Barroso termina o texto dizendo que “como as demais instituições do país, o Judiciário está ao lado dos que trabalham a favor do Brasil e está aqui para defendê-lo.”
Esta é a primeira manifestação do STF a respeito do anúncio feito por Donald Trump, que alegou que a tarifa seria aplicada em razão do que chama de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é réu no Supremo por tentativa de golpe de Estado.
Na carta, Barroso citou o histórico de tentativas de ruptura institucional ocorridas nos últimos 90 anos no país – incluindo o golpe de 1964 – e, em seguida, episódios que aconteceram no Brasil a partir de 2019, como:
a tentativa de atentado terrorista a bomba no aeroporto de Brasília;
a tentativa de explosão de bomba no Supremo Tribunal Federal (STF);
as acusações falsas de fraude eleitoral na eleição presidencial; e
a tentativa de golpe que, segundo a Procuradoria-Geral da República, incluía o plano para assassinar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Julgamento do golpe
Barroso afirmou que “no Brasil de hoje, não se persegue ninguém. Realiza-se a justiça, com base nas provas e respeitado o contraditório” e que o STF vai fazer o julgamento da denúncia da tentativa de golpe de Estado “com independência e com base nas evidências”. E complementou:
“Se houver provas, os culpados serão responsabilizados. Se não houver, serão absolvidos. Assim funciona o Estado democrático de direito”, afirmou.
Julgamento sobre responsabilidade das redes sociais
Barroso negou, na carta, que exista censura no Brasil – outro argumento usado por Trump ao anunciar a taxa de 50%, citando exemplos de julgamentos recentes da Corte.
O presidente do STF também tratou, na carta, do julgamento sobre a responsabilidade das redes sociais. Em junho, a Corte definiu que elas podem, em determinadas condições, ser responsabilizadas por posts dos usuários.
“O STF produziu solução moderada, menos rigorosa que a regulação europeia, preservando a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a liberdade de empresa e os valores constitucionais”, afirmou.

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