Subtenente nega estupro em posto policial e diz que apenas conversou com mulher após ela pedir água, afirma advogado


Mulher que denunciou PM por estupro vai ao Quartel do Derby para tentar reconhecimento
Após ser preso preventivamente, o subtenente Luciano Valério de Moura, suspeito de estuprar uma mulher dentro de um posto da Polícia Militar no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, teve a prisão mantida em audiência de custódia nesta quinta-feira (16). Ao g1, o advogado Teófilo Carvalho, que representa o policial, negou que o militar cometeu o crime.
A mulher, que não quis se identificar, disse que estava com uma amiga e duas filhas adolescentes no carro quando foi abordada pelos PMs. Havia três agentes na blitz, e um deles, segundo a denunciante, a levou para um dormitório e obrigou que ela fizesse sexo oral nele (saiba mais abaixo).
O subtenente se entregou à polícia na noite da quarta-feira (15) e, desde então, está detido no Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana.
✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE
De acordo com Teófilo Carvalho, ao contrário do que a mulher relatou na denúncia, ela estava “nervosa” porque o policial identificou atraso no pagamento de uma multa ligada ao veículo e pediu para beber água depois que foi liberada.
“Quando ele liberou ela, que ela já podia ir embora, já estava com a família no carro, eram quase 23h. Aí, o que é que acontece? Ela pediu água. Ele levou para um local, iluminado, de vidro, deu água a ela. Ela gostou, elogiou o trabalho dele. Até saiu abalada porque ele disse que, de toda forma, quando voltasse o sistema, ele ia verificar se, realmente, ela estava em dia ou não”, afirmou.
Conforme o advogado, enquanto tomava água, a mulher conversou com o militar por três a cinco minutos. Nesse breve diálogo, segundo Teófilo Carvalho, ela disse ao policial que tinha uma casa na praia de Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho, e ofereceu o imóvel para ele passar uma “temporada”.
“Ela lá disse que ele era um excelente policial, que, inclusive, pegasse o número dela e ele poderia falar com ela que ela liberaria a casa. Ele disse: ‘independente do seu tratamento, dos seus elogios, eu vou verificar se seu carro realmente está atrasado ou não para eu poder notificar. […] Ela não tentou subornar, ela tentou agradar [o policial]'”, disse.
O advogado afirmou, ainda, que a mulher saiu do posto dirigindo o veículo e trabalhou “normalmente” no dia seguinte antes de procurar a polícia.
“A gente não sabe o que passa na cabeça dela, se ela queria ver se a multa não chegava por causa dessa denúncia. Ou a gente não sabe se ela precisa de algum tipo de ou ela vem algum tipo de tratamento […]. Depois disso, ele trabalha 24 horas, foi dormir. Quando acordou, foi o mundo caindo na cabeça dele. E realmente, ele não aplicou mais a multa, porque, já pensou se ele aplica a multa? Estava coagindo a testemunha”, afirmou.
Batalhão de Polícia Rodoviária na PE-60, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife
Reprodução/Google Street View
Estupro em posto policial
O caso aconteceu na noite da sexta-feira (10). Ao g1, a mulher disse que seguia para a praia de Gaibu, com as filhas e uma amiga, quando passou em frente ao posto e três agentes mandaram ela parar e descer do carro.
De acordo com a denúncia, na abordagem, um dos PMs avisou aos colegas que ela ia beber água e a levou até um dormitório, onde praticou os abusos.
A mulher denunciou o caso à Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) e registrou um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher do Cabo de Santo Agostinho.
A mulher contou que tinha buscado a amiga no Aeroporto do Recife e que as duas iam para uma casa de praia com as filhas da denunciante, de 14 e 16 anos, quando foram paradas na blitz. Os policiais pediram que a motorista descesse do veículo e os acompanhasse até a entrada do posto.
Segundo ela, um dos três policiais que fizeram a abordagem disse que o veículo estava com atraso no pagamento de uma multa e do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
A mulher afirmou que comprou o carro recentemente e, como não sabia dos débitos, chegou a ligar para o vendedor do automóvel, que falou que ia resolver o problema na segunda-feira (13).
“Lá dentro ele me comunicando isso [que o carro estava com débitos], ele ficou ali com aquela conversa, perguntando o que eu fazia, quem eu era, de onde eu era. Depois ele virou para os colegas e disse que eu iria beber água e me conduziu até lá dentro. Lá dentro tinha um quarto e entrou lá no quarto, começou a levantar meu vestido, apagou a luz e começou os abusos”, disse a mulher à TV Globo.
Ela também contou que, após o estupro, o policial acendeu a luz, pegou uma toalha que estava sobre um dos beliches e deu para ela se limpar. Ainda segundo a mulher, ele também mandou que ela tomasse água para tirar “os vestígios do que fez” da boca e a liberou.
VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *