Suspensão de ‘faixa azul’ paralisa projeto-piloto na Avenida Norte-Sul, Campinas; entenda


Avenida Norte-Sul, em Campinas
Eduardo Rodrigues/EPTV
O Ministério dos Transportes suspendeu temporariamente autorizações para cidades criarem novos corredores exclusivos para motociclistas, chamados de “faixa azul”, confirmou o órgão ao g1. O projeto-piloto de Campinas (SP), na Avenida Norte-Sul, foi paralisado por causa da medida.
O trecho experimental proposto vai da Avenida Orosimbo Maia até a Rua Gustavo Armbrust, no sentido Bairro-Centro, nas regiões do Cambuí e do Centro. O pedido de implementação foi enviado à Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) em 8 de agosto.
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Em nota, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) disse ao g1 que não foi avisada sobre a suspensão e que, até o momento, não considera nenhuma alternativa ao projeto-piloto.
Campinas estuda implementação de ‘faixa azul’ em trecho da Norte-Sul, diz Emdec
Reprodução/Google Maps
Estudos técnicos
Os estudos técnicos para a implementação na metrópole começaram em maio de 2024. Diversas vias da cidade foram analisadas, mas a Norte-Sul foi considerada a mais adequada para o projeto-piloto, segundo a Emdec.
O ministério está avaliando as faixas azuis já em operação e suspendeu novas aprovações até a conclusão dos estudos, prevista para 31 de março de 2026. O estudo vai embasar a regulamentação da sinalização pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) ou permitir novos testes com o corredor exclusivo (entenda abaixo).
Motociclistas são principais vítimas de acidente
A faixa azul tem o objetivo de aumentar a segurança viária, já que, segundo a Emdec, motociclistas e garupas são as principais vítimas de acidentes em Campinas. Entre janeiro e junho de 2025, 16 das 30 mortes em vias urbanas envolveram motociclistas, o que representa 53,3% do total.

Dados do Infosiga, do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), mostram que 865 motocicletas se envolveram em acidentes entre janeiro e julho de 2025, ficando atrás apenas dos automóveis, com 904 registros.

A Emdec destacou que realiza ações para reduzir acidentes com motociclistas, incluindo:
Fiscalização com a Guarda Municipal, a Polícia Militar e o Detran-SP;
Instalação e manutenção de placas, sinalizações e semáforos (alguns com câmera de fluxo);
Campanhas educativas, como a “Desacelera”, focada na velocidade.
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Regulamentação das faixas
➡️ Os corredores exclusivos para motocicletas ainda não são regulamentados pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). As motofaixas são consideradas experimentais e só podem ser implantadas com autorização da Senatran, conforme resolução do Contran.
Apesar disso, o governo federal estuda implantar a obrigatoriedade de faixa azul exclusiva para motos em todo o país a partir de abril do ano que vem. Para isso, a Senatran tem recebido, a cada três meses, relatórios das cidades brasileiras que já implantaram a faixa.
Inspirado em experiências internacionais e baseado nos princípios da Visão Zero e do Sistema Seguro — estratégias que consideram toda morte no trânsito evitável —, o projeto visa reorganizar ruas e avenidas, aumentar a previsibilidade dos fluxos e reduzir conflitos entre motos e outros veículos.
Faixa azul em SP
Edson Lopes Jr./SECOM
Experiência em outras cidades
A implantação da faixa azul na capital paulista resultou em uma redução de 47,2% nas mortes de motociclistas nos trechos onde a medida foi aplicada. Segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), o número de óbitos caiu de 36 em 2023 para 19 em 2024.
A primeira faixa piloto foi implantada em janeiro de 2022, na Avenida 23 de Maio, uma das mais movimentadas da cidade. Após um ano de testes, segundo balanço divulgado pela prefeitura na época, o trecho não registrou nenhum acidente com mortes.
O trecho inicial tinha só 5,5 km de extensão, mas, atualmente, a capital conta com 232,7 km de faixa azul distribuídos em 46 vias, beneficiando cerca de 500 mil motociclistas. O plano da administração municipal de São Paulo é que até 2028, a cidade já conte com, no mínimo, 400 km do corredor exclusivo.
Além da capital, outros municípios já receberam autorização da Senatran para implementar esse tipo de sinalização em caráter experimental:
São Paulo (SP)
Santo André (SP)
São Bernardo do Campo (SP)
Recife (PE)*
Salvador (BA)
*A capital de Pernambuco também recebeu autorização para a implementação experimental, mas a Autarquia de Trânsito e Transporte do Recife (CTTU) ainda está avaliando as vias onde as faixas poderão ser implantadas.
A iniciativa para a implementação das motofaixas, mesmo em caráter experimental, parte do próprio município, que deve enviar uma solicitação à Senatran. A proposta é então analisada e, se estiver consoante a resolução do Contran, a aplicação do estudo é autorizada.
O Rio de Janeiro (RJ) também conta com duas motofaixas: a primeira foi implementada em agosto de 2024, e a segunda em dezembro do mesmo ano.
*Estagiária sob supervisão de Gabriella Ramos.
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