Confira movimento em bares de SP após casos de bebida adulterada
Os bares de São Paulo foram impactados com os recentes casos de intoxicação por metanol. Enquanto uns relatam queda no número de frequentadores, outros deixaram de vender destilados, e alguns receberam mais pedidos por cervejas e chopes.
O g1 percorreu nesta quinta-feira (2) bares nas regiões da Avenida Luiz Carlos Berrini, Itaim Bibi e Pinheiros e constatou mais mesas vazias.
Clubes de SP suspendem venda de bebidas destiladas após casos de intoxicação por metanol
O Brasil registrou 59 notificações relacionadas à intoxicação por metanol até a tarde desta quinta-feira (2), segundo informou o ministro da Saúde Alexandre Padilha durante coletiva de imprensa. Dessas 59, 11 já têm a detecção laboratorial da presença do metanol.
Bares sofrem impacto após casos de intoxicação por metanol
Bervelin Albuquerque/g1
Itaim Bibi
No Amarelinho das Batidas, o garçom Fábio, que trabalha há 10 anos no bar, admitiu que houve redução de clientela: “Qualquer um que disser que não mudou está mentindo. O movimento caiu muito. Aqui mesmo era para estar cheio”.
Segundo ele, o movimento nas três unidades está em menos da metade do normal, pior até do que durante a pandemia. “Poucos drinques têm saída, os clientes estão preferindo cerveja. Em outra unidade, tínhamos três eventos agendados, mas todos foram cancelados’, afirmou.”
Bar Amarelinhos, no Itaim Bibi, relata queda no número de clientes
Bervelin Albuquerque/g1
Um cliente resumiu o sentimento atual sobre os destilados: “Caipirinha não dá mais para beber. Tem que estar sempre alerta como um escoteiro”, disse ao telefone enquanto esperava um amigo e tomando uma cerveja.
O garçom Fábio relatou ainda que o reflexo se estende para além dos bares centrais: “Até nas adegas da quebrada por onde moro, no Campo Limpo, caiu”.
No Carambolas, o proprietário Fernando Souza Lemos disse que os clientes questionam mais sobre a procedência das bebidas. O bar passou a guardar comprovantes e notas fiscais e tem segurado o estoque de destilados.
No Boteco São Bento, o gerente Santilino Souza relatou mudanças no consumo: maior procura por chope e cerveja e queda nos pedidos de destilados.
“Ontem [quarta], a movimentação foi normal, mas os pedidos por destilados diminuíram”, disse.
No Zé Gordo, um grupo de quatro amigos contou que pensou sobre o que beberia antes de chegar, mas optou pela cerveja. “Preferimos mais cerveja, parece mais seguro”, disse um deles, que não quis se identificar.
Berrini
No Caires, a mudança foi perceptível: “As pessoas têm optado mais pela cerveja”, disse o gerente. As bebidas quentes têm saído menos.
No Tatu Bola, o gerente Willams Nascimento relatou cancelamento de uma reserva prevista. Desde o começo da semana, o bar suspendeu a venda de destilados e trabalha apenas com cerveja.
“Ontem [quarta-feira], quando determinamos não vender destilados, sentimos queda no orçamento”, afirmou.
No Charme do Brooklin, a rotina segue estável. Segundo o responsável pelo bar, Vladmir, não houve queda no movimento.
Pinheiros
Funcionários do Baixo Bar afirmaram que a movimentação não caiu muito. O que mudou, mais uma vez, foi a preferência: clientes têm trocado os destilados por cerveja ou chope.
No Piticos, o atendente César contou que o estabelecimento cancelou por hora a venda de destilados. Apesar das distribuidoras estarem regulares, a decisão foi tomada para evitar riscos diante da falta de clareza sobre a origem dos casos. Atualmente, o bar serve apenas cerveja e vinhos.
Entre os clientes, a cautela também é percebida. Letícia, que trabalha em um banco, contou que costuma beber drinks, mas desta vez preferiu cerveja. “Na última sexta-feira bebi uma caipirinha em Barueri e fiquei com medo”, disse.
* Sob supervisão de Cíntia Acayaba