Turistas acusam empresa de turismo de golpe e cobram Justiça após prejuízos e sumiço
Turistas e clientes de uma empresa de turismo entraram com processos contra a empresa após terem pacotes de viagens cancelados próximos às datas em que supostamente iriam viajar.
A assistente administrativa Fabiana Hervaes Pimenta sonhava em ver neve pela primeira vez. A viagem internacional para o Chile foi planejada durante um ano. “Eu queria fazer uma viagem internacional. Meu primeiro destino seria o Chile”, contou.
Clientes reclamam de golpe praticado por agência de turismo
Reprodução/TV Globo
Mas o sonho virou frustração. “Esse sonho ficou frustrado e foi adiado”, lamenta. “É a frustração de todo o gasto que eu tive além do pagamento da agência. O pagamento de roupa. Tudo que eu me preparei.”
A agência escolhida por Fabiana foi a Latitude Outdoor, que se apresenta nas redes sociais como “especialistas em viagens em grupo”, com “mais de 8 anos conectando pessoas a destinos inesquecíveis”.
Fabiana e outras 15 pessoas compraram pacotes para as férias de julho. O pacote incluía voo de ida e volta, hospedagem por cinco dias e guia durante os passeios no Chile. Mas uma semana antes da viagem, começaram os problemas.
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“Quando chegou uma semana antes, eu fui questionar sobre o rastreio do voo porque geralmente essas viagens você tem que ter o roteiro. Onde vai ser hotel, horário de check-in, eu precisava me reorganizar também. Aí que começou o gargalo na comunicação.”
Segundo Fabiana, as respostas da agência eram lentas e evasivas. “Demorava para responder. Quando respondia falava: ‘Olha, a gente está com problema na conexão para poder botar o grupo no mesmo voo. Aguarda 24h’. Então a gente ficou nesse lapso de tempo. Até um dia antes, me avisaram que teriam que remarcar essa viagem. E eu falei: ‘Não tem como. Minhas férias são agora.’”
Depois disso, ela afirma que a agência parou de responder. “Eu continuei insistindo. Eu abri o boletim de ocorrência e pedi o dinheiro. Falaram que iam pagar em trinta dias corridos e ainda não realizaram.”
Outros clientes relatam experiências semelhantes. A turista Carolina Maganha disse que fechou o pacote no dia 7 de junho.
“Disseram que era a última vaga. Falei é minha. Fechei. O pacote dava um total de R$ 5.910. Quando foi no mês seguinte, sábado, dia 19 de julho, vi mensagem no meu celular dizendo que seria cancelada.”
A professora Roberta Nascimento comprou um pacote para Minas Gerais com a irmã.
“Eu adquiri o pacote no início de julho no valor de R$ 2 mil pagos à vista no Pix e três dias antes da viagem. A viagem seria eu e minha irmã. Minha irmã recebeu uma mensagem dizendo que ela não ocorreria. Por falta de gente e que nós receberíamos o reembolso.” O dinheiro, segundo ela, nunca foi devolvido.
Em outro caso, clientes conseguiram embarcar, mas não tinham passagem de volta. “Um mês antes eles fizeram uma viagem e não pagaram a volta das pessoas. Tiveram que comprar na hora no aeroporto”, relatou Carolina.
Especialista faz alerta
O advogado Gabriel Britto, especialista em direito do consumidor, orienta: “Deve o consumidor realizar o devido boletim de ocorrência ante ao indício de prática de crime contra o consumidor. Munido do boletim e das provas, deve o consumidor ajuizar ação judicial junto ao juizado especial cível mais próximo da sua residência.”
A Latitude Outdoor já foi processada, mas os sócios William Amandula da Anunciação e Vitória da Cunha Ferreira Alvim ainda não foram localizados. A Justiça do Rio tenta intimar a agência no endereço registrado na Estrada do Tindiba, em Jacarepaguá, mas no local funciona apenas uma sala coletiva de trabalho temporário.
“Muita gente ficou prejudicada em relação a essas viagens e eles continuam vendendo pacote para 2026. Isso é muito preocupante”, alerta Fabiana.
Notas dos envolvidos
Sobre as viagens canceladas, a empresa Latitude Outdoor disse que precisou tomar essa atitude por conta de problemas internos e diz ainda que foram oferecidas novas datas para os clientes ou a opção de reembolso integral. A agência está operando normalmente, apesar de a Justiça não conseguir intimar a empresa.
A Polícia Civil disse que o caso da Fabiana é investigado pela 35ª DP (Campo Grande), informou que as vítimas serão ouvidas e que os agentes fazem buscas para identificar os responsáveis e esclarecer os fatos. A polícia recomendou ainda que a outras possíveis vítimas registrem as ocorrências.